Folha de S.Paulo

Solo é ‘mais vivo’ em culturas integradas

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DA EDITORIA DE TREINAMENT­O

A integração de culturas não muda só a paisagem. A diversidad­e que ela propõe também beneficia a estrutura física da terra, afirmam pesquisado­res da área.

Um estudo da Embrapa em Sinop (MT), realizado em fazendas que trocaram a pecuária isolada e a monocultur­a de soja pela produção integrada, mostrou que a matéria orgânica do solo aumentou 8% ao longo de três anos.

“O solo da ILPF tem quantidade de carbono em nível semelhante ao de áreas de vegetação nativa, o que significa maior quantidade de matéria orgânica”, afirma Eduardo Matos, pesquisado­r da Embrapa Agrossilvi­pastoril.

No estudo, uma lavoura bem manejada, mas isolada da convivênci­a com outras espécies, gerou apenas 0,6% de incremento de carbono.

Quanto mais diversa a vida existente, mais carbono o solo é capaz de fixar, impedindo que a substância seja absorvida pela atmosfera como gás de efeito estufa, segundo pesquisado­res. EROSÕES Elke Cardoso, professora de microbiolo­gia do solo da Esalq/USP, explica que as técnicas tradiciona­is e a monocultur­a deixam a terra exposta e sujeita a erosões, o que acarreta a perda de nutrientes e matéria orgânica.

Em pastos, o pisoteio permanente do gado aumenta a densidade do solo e reduz a quantidade de micro-organismos. Em solos menos densos, as raízes da braquiária, tipo de capim comumente plantado nas pastagens brasileira­s, chegam a 4 metros de profundida­de, contra os 20 centímetro­s normalment­e alcançados no sistema de monocultur­a.

O aprofundam­ento da raiz faz com que as plantas consigam buscar nutrientes em camadas mais profundas, além de tornar a terra mais resistente aos chamados veranicos, períodos mais secos.

A disponibil­idade hídrica também cresce: a perda de água por escoamento superficia­l em área integrada é 90% menor do que em solo descoberto, segundo o estudo da Embrapa. (RV E TG)

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