Folha de S.Paulo

Lesões geram revolução no topo do tênis

Temporada 2018 começará com cinco estreantes no top 10 do ranking após astros se afastarem para tratamento­s

- FÁBIO ALEIXO

Andy Murray e Novak Djokovic abandonara­m o circuito em julho de 2017 e despencara­m na classifica­ção

As lesões de astros e a ascensão de tenistas que há tempos vinham flertando com grandes resultados provocaram uma revolução no tênis na temporada de 2017, encerrada no fim de novembro e cujo último ranking será divulgado pela ATP (Associação dos Tenistas Profission­ais) nesta segunda-feira (25).

São cinco os atletas que pela primeira vez em suas carreiras encerrarão um ano no top 10. São eles: Grigor Dimitrov, 26, Alexander Zverev, 20, David Goffin, 27, Jack Sock, 25, e Pablo Carreño Busta, 26.

É a maior aparição de caras novas no grupo dos dez melhores do mundo desde a temporada de 2003.

Desde então, eram no máximo dois “estreantes” por ano, como ocorreu no ano passado (veja abaixo).

Esta revolução no ranking pode fazer com que o Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam da temporada que será disputado entre 15 e 28 de janeiro, já tenha duelos de peso a partir da terceira rodada.

As principais ausências no top 10 são as de Novak Djokovic, 30, e de Andy Murray, 30.

Eles frequentav­am o grupo de forma ininterrup­ta desde 2008. Hoje, o sérvio é o 12º colocado e o britânico o 16º.

Os dois tenistas não disputam uma partida oficial desde o Grand Slam de Wimbledon, em meados de julho.

Djokovic voltou a sofrer com uma lesão no cotovelo direito e optou por não jogar mais nenhum torneio. Em 2017, fez somente 35 partidas, contra 74 que fizera em 2016.

Já Murray foi derrubado por um problema no quadril e acabou o ano com 35 partidas disputadas, 48 a menos do que em 2016, quando se consolidou na liderança do ranking.

Foi o menor número de partidas de ambos ao longo dos últimos dez anos, segundo informaçõe­s da ATP.

O suíço Stan Wawrinka, 32, é outro que não joga desde Wimbledon e passou por uma cirurgia no joelho. Entretanto, ainda encerrou a temporada no nono lugar do ranking.

O estaleiro em 2017 teve outros nomes de menos peso em comparação aos três, mas que vinham conseguind­o se manter no top 10 ao longo dos últimos anos, como os casos de Kei Nishikori, 27, Milos Raonic, 26, e Tomas Berdych, 32.

“Claro que as lesões dos grandes jogadores contribuír­am para uma mudança como esta no ranking. Mas se um tenista chegou no top 10 é por mérito, em um circuito muito equilibrad­o. Ninguém está ali por acaso”, disse Lui Carvalho, diretor do Aberto do Rio.

O torneio da Série ATP 500, que será disputado no Jockey Club Brasileiro, entre os dias 19 e 25 de fevereiro, contará com três tenistas do top 10: Dominic Thiem, Marin Cilic e Pablo Carreño Busta.

LUI CARVALHO

Diretor do Aberto do Rio

“Esta renovação é muito boa, tanto para o público, quanto para os torneios e patrocinad­ores. Aumenta também a gama de nomes atraentes com os quais podemos negociar”, disse Carvalho.

Dentre os estreantes no top 10, os que tiveram resultados mais significat­ivos ao longo de 2017 foram Grigor Dimitrov (3º) e Alexander Zverev (4º).

O búlgaro venceu pela primeira vez na carreira um Masters 1.000, em Cincinnati, e ganhou as Finais da ATP. Levantou ainda a taça de mais dois ATPs, em Brisbane e Sófia.

O alemão conquistou dois Masters 1.000, em Roma e Montréal, e outros três ATPs.

Porém, ao mesmo tempo em que houve renovação no top 10 e vencedores inéditos em Masters, os título de Grand Slams ficaram nas mãos de duas figuras carimbadas.

Roger Federer, 36, venceu o Aberto da Austrália e Wimbledon. Rafael Nadal, 31, ganhou Roland Garros e o Aberto dos EUA. O espanhol também foi o mais velho a terminar um ano na ponta do ranking.

“tenista é top 10 por acaso e esta renovação acaba sendo positiva para os fãs, torneios e patrocinad­ores. É sempre bom ter caras novas

BRASIL SEM TOP 100 O Brasil também viu seus tenistas despencare­m no ranking e, pela primeira vez desde 2013, o país fecha a temporada sem nenhum representa­nte no top 100, após ter três no grupo ao fim da temporada de 2016.

Hoje, o melhor jogador do país na lista é Rogério Dutra Silva, o Rogerinho, 101º.

Como resultado desta queda brusca, o Brasil ainda não tem nenhum jogador garantido no Aberto da Austrália e só poderá ter representa­ntes na chave principal em caso de desistênci­as ou caso alguém passe pelo qualifying.

Em compensaçã­o, nas duplas, Marcelo Melo fechou o ano como líder do ranking e Bruno Soares, em décimo.

 ?? Tony O’Brien - 19.nov.2017/Reuters ?? O búlgaro Grigor Dimitrov saca na vitória na decisão das Finais da ATP
Tony O’Brien - 19.nov.2017/Reuters O búlgaro Grigor Dimitrov saca na vitória na decisão das Finais da ATP

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