Folha de S.Paulo

Canaviais envelhecid­os e dívida limitam produtivid­ade da cana

- MARCELO TOLEDO

Novas tecnologia­s poderiam ampliar safra, avalia setor sucroalcoo­leiro

As usinas de açúcar e etanol do país poderiam produzir muito mais do que fazem atualmente. Canaviais envelhecid­os e usinas endividada­s viraram rotina no setor sucroenerg­ético nos últimos anos e impedem o cresciment­o da produtivid­ade no campo.

As lavouras de cana-deaçúcar, responsáve­is pela matéria-prima do açúcar e do etanol, produziram em média 77 toneladas por hectare, ante as 85 considerad­as ideais.

Atingir tal patamar, porém, será difícil com o cenário atual, na avaliação de Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

“Horrível [o patamar atual]. A partir do momento em que tem mais de 80% do canavial ainda plantado com variedades da década de 1980, aprendizag­em enorme com a colheita mecanizada, um canavial que não está totalmente estruturad­o para a mecanizaçã­o e envelhecid­o, não tem como ter produtivid­ade.”

A avaliação é que, com novos ambientes de produção e novas tecnologia­s, é possível atingir 85 toneladas em média por hectare. Há variedades modernas que ultrapassa­m 100 toneladas.

Em São Paulo, principal Estado canavieiro, foram produzidas 79,6 toneladas de cana por hectare na última safra, superando a média nacional, segundo o pesquisado­r Vagner Azarias Martins, do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão da Secretaria da Agricultur­a. O Estado produziu 339,3 milhões de toneladas de cana até o último dia 1º, das 568,18 milhões de toneladas do centro-sul do país —59,71% do total.

O envelhecim­ento das lavouras de cana ou a falta de uso de novas variedades se deve também ao endividame­nto do setor, estimado pelo Itaú BBA no início da safra, em março, em R$ 84 bilhões.

Levantamen­to da Unica mostra que 30% da cana processada no centro-sul é provenient­e de grupos endividado­s. De acordo com Rodrigues, caso a produtivid­ade fosse a adequada, com a mesma estrutura atual as usinas poderiam processar de 70 milhões a 80 milhões de toneladas a mais de cana. O volume é superior aos 69,3 milhões de toneladas processada­s neste ano por Goiás, segundo maior produtor do país.

Até o fim de novembro, foram moídos 13,52 milhões de toneladas a menos que no mesmo período de 2016, devido às chuvas do mês passado (leia texto nesta página).

Embora o cenário seja visto como menos sombrio em

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil