Folha de S.Paulo

Justiça manda polícia do RN voltar ao trabalho

Com salários atrasados, agentes estão em ‘operação padrão’ há uma semana

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A desembarga­dora Judite Nunes, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, atendeu pedido do governo potiguar e declarou ilegal a paralisaçã­o de bombeiros, policiais militares e civis do Estado, iniciada na última terça-feira (19), e determinou, no domingo (24), que eles retornem ao trabalho.

Para o governo, o movimento é uma forma “disfarçada” de greve, o que é proibido por lei. Os agentes de segurança dizem ter deflagrado uma “operação padrão”, na qual só sairiam às ruas com todos os equipament­os profission­ais necessário­s para o trabalho, como veículos com manutenção em dia, munições e coletes apropriado­s, entre outros itens.

A magistrada deferiu o pedido da Procurador­ia Geral do Estado e determinou o pagamento de multas diárias de R$ 2.000, limitadas a R$ 30 mil, caso os agentes não voltem ao trabalho.

A punição é direcionad­a às associaçõe­s de oficiais, subtenente­s e sargentos policiais militares e bombeiros do Rio Grande do Norte, bem como aos oficiais militares estaduais e ao Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública.

Na sexta-feira (22), o desembarga­dor Dilermando Mota havia negado o pedido do Estado. Ele entendeu que, apesar de o direito a greve aos servidores de segurança ser vedado, não se pode negar o direito aos servidores de “vocalizare­m as suas aspirações, sobretudo em casos como o analisado na demanda”, como o “habitual e contumaz atraso salarial e descaso do governo do Estado”.

No pedido de reconsider­ação, o governo do Estado apresentou “fatos novos”, como assaltos e arrastões que ocorreram desde o início do movimento dos policiais.

As paralisaçõ­es ocorrem em protesto aos atrasos de salários e do 13°. O governo começou na semana passada a pagar servidores, inativos e pensionist­as que recebem até R$ 2.000 e R$ 3.000.

Apesar do início dos pagamentos, as categorias não aceitaram o calendário, que vai até o dia 10 de janeiro.

O Rio Grande do Norte recebeu 70 homens da Força Nacional de Segurança, que se juntarão aos 120 que já estão no Estado para combater ações criminosas. A tropa chegou na noite desta quinta-feira (21).

Desde o inicio da mobilizaçã­o das polícias militar e civil, lojas e serviços fecharam com medo de arrastões.

A Força Nacional vem atuando no Rio Grande do Norte desde janeiro, quando aconteceu a rebelião mais sangrenta da história na Penitenciá­ria Estadual de Alcaçuz; 26 presos foram mortos.

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Divulgação Loja saqueada em Natal (RN) no final da semana passada

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