Vida sexual de garotas é tema de livro
‘Garotas e Sexo’ revela e discute questões que afligem comportamento de meninas, como iniciação, gravidez e doenças
Para a autora, muitas vezes a iniciação sexual se dá sem qualidade e jovens frequentemente não sentem prazer FOLHA
Um dos assuntos que dominaram o ano de 2017 na área da educação foi a “ideologia de gênero”. A proposta aprovada neste mês pelo Conselho Nacional de Educação deixou de fora essa questão e outras ligadas à educação sexual — os temas não entraram no documento da nova base curricular homologada pelo MEC.
Nesse contexto, surge o livro “Garotas e Sexo”, da jornalista Peggy Orenstein, para fomentar o debate. A autora entrevistou, em cinco anos, cerca de 70 garotas com idades entre 15 e 20 anos sobre suas experiências sexuais e reflexões sobre o tema.
Apesar de a obra expor o contexto vivido por garotas americanas, existem muitas semelhanças com a realidade brasileira. Assim, como aponta a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, que assina o prefácio, tanto lá quanto aqui a religião tem um papel influente na iniciação sexual dos jovens.
“Para os religiosos, sexo casual é considerado um pecado e existe uma conversa sobre abstinência”, disse Orenstein à Folha. “Mas os jovens continuam fazendo sexo, muito sexo. O problema [de aconselhar a abstinência] é que isso só retarda o início da vida sexual dos jovens em comparação com quem recebe mais educação sexual, não os deixa mais seguros.”
Segundo a autora, os jovens que optam pela abstinência, quando iniciam a vida sexual, apresentam mais chances de contrair doenças sexualmente transmissíveis e engravidar. “É uma ideia hipócrita, ninguém está protegendo esses jovens. Se quisermos que eles façam menos sexo e de forma responsável, quanto mais eles souberem sobre o assunto, melhor.”
Por outro lado, mesmo com essas questões, nos EUA, a gravidez entre adolescentes tem diminuído. No Brasil, o índice se mantém alto e pouco mudou nos últimos dez anos. Segundo o Datasus, a taxa de nascidos vivos de mães menores de 20 anos no país foi de 21,1% em 2007 para 21,2% em 2016.
Nos Estados Unidos, a mesma taxa caiu 44% entre 2007 e 2015 (segundo último dado disponível). Os bebês de mães adolescentes representam cerca de 6% do total.
Além do debate sobre gra-
PEGGY ORENSTEIN
jornalista e escritora dos jovens entre 13 e 15 anos já tiveram relação sexual afirmam ter usado preservativo na primeira relação afirmam ter usado preservativo na última relação sexual dos jovens no 9° ano receberam informações sobre como adquirir preservativo gratuitamente afirmam ter recebido informações sobre DSTs e Aids na escola afirmam ter recebido informações sobre gravidez precoce foi o quanto aumentou a detecção de HIV/Aids entre garotas de 15 a 19 anos entre os anos de 2006 e 2016 de todos os abortos legais foram de adolescentes vítimas de estupro
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