GAROTAS E SEXO
videz indesejada e DSTs, Orenstein também levanta a discussão sobre qualidade do sexo feito entre os jovens, algo que não entra na cartilha da educação sexual escolar.
Poucas das garotas heterossexuais com quem ela conversou relataram ter tido orgasmos e muitas delas não conhecem o próprio corpo.
“Não existe uma conversa sobre prazer e isso é uma parte importante quando se fala de sexo”, diz. “Nós esperamos que os jovens tenham uma boa experiência quando eles decidirem fazer sexo, mas acreditamos que isso vai acontecer de uma forma mágica.”
Inspirada em sua própria experiência como mãe de uma adolescente de 14 anos, Orenstein escreveu “Garotas e Sexo” para tentar incentivar adultos a conversarem mais com jovens e não deixarem o papel de educar para a televisão ou para a internet
“Nós ficamos com medo de falar sobre sexo porque não sabemos a linguagem certa. O que acontece, no fim, é que os filhos crescem mentindo para os pais. É o que queremos?” SEXY No livro, a autora faz críticas à exposição de mulheres na mídia e nas redes sociais e à influência das estrelas pop no comportamento sexual das adolescentes.
“A ideia que existe do que é ser sexy é muito limitada”, afirma. “Toda essa performance de parecer sensual na internet não faz com que as garotas tenham mais voz. A objetificação sexual está ligada a um entendimento menor das garotas sobre seus corpos e suas vontades.”
Por outro lado, a jornalista vê com bons olhos a onda de campanhas contra assédio na internet, como a #me too que revelou casos de abuso sexual na indústria do cinema. “As garotas estão vendo que não estão sozinhas, que suas experiências não foram isoladas, que existe uma cultura em torno desse tema da sexualidade e do sexo.”
E segue, “tudo isso que vemos fez com que as mulheres despertassem em muitos aspectos, principalmente as mais jovens, que lideram os movimentos na internet.”
Para Orenstein, existem duas razões pelas quais é inevitável falar de violência ao falar de sexualidade. A primeira está relacionada a um aspecto cultural polêmico. “As pessoas se sentem mais confortáveis em ver as mulheres sendo vítimas em vez de protagonistas, seres sexuais que merecem sentir prazer e podem escolher fazer sexo.”
Em segundo lugar, vêm os números. Ela aponta que há um alto índice de relatos de estupro em universidades. Em 2015, a Pesquisa da Situação no Campus da Associação de Universidades Americanas apontou que pelo menos um terço das alunas de graduação afirmam terem sido vítimas de contato sexual não consentido.
Enquanto isso, o Brasil registrou 135 casos de estupro por dia em 2016, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em São Paulo, entre janeiro e julho deste ano, cerca sete registros por dia.
“Muitas garotas muito jovens relatam experiências de estupro e situações em que elas são coagidas. Não sofrer violência ou coação são exigências muito baixas para uma experiência sexual, mas é o que muitas garotas esperam”, diz a autora. AUTORA EDITORA QUANTO Peggy Orenstein Zahar R$ 49,90 (274 págs.) Em vez de invejar as milhares de coisas que me faltam, vou valorizar as duas ou três coisas boas que eu sei que tenho. Não sou linda, jovem e magra, mas sou engraçada, carinhosa, gentil e atenciosa com todo mundo. Em vez de tentar ser o