Folha de S.Paulo

Dinheiro por Neymar paga dívidas do Santos

Verba de R$ 33 mi repassada pelo PSG quita parcela de débito por transações de Damião, Gabigol e Lucas Lima

- ALEX SABINO DIEGO GARCIA

Clube alvinegro deve a grupo de investimen­tos maltês que financiou contrataçã­o de jogadores desde 2013

O Santos usou o dinheiro recebido na venda de Neymar do Barcelona para o PSG para quitar parte de uma dívida com a Doyen Sport, fundo de investimen­to que pagou a contrataçã­o do atacante Leandro Damião no fim de 2013.

A informação foi confirmada à Folha por José Carlos Peres, que assumirá oficialmen­te a presidênci­a do clube da Vila Belmiro em janeiro.

“O Santos utilizou esse dinheiro (da venda de Neymar) e pagou a primeira parcela. A paulada foi grande. A segunda será em outubro ou novembro de 2018 e a última em 2019. Com isso, a dívida cai entre aspas, porque só pagou a primeira parcela”, afirmou.

O Santos recebeu R$ 33 milhões do time francês após a negociação com o Barcelona.

Uma regra da Fifa garante o pagamento de indenizaçã­o para o clube formador em todas as transações internacio­nais. Como Neymar saiu do time catalão por R$ 822 milhões, o Santos teve direito a cerca de 0,4%, referente ao período que o atacante ficou em sua categoria de base.

O Santos acordou o pagamento de cerca de 24 milhões de euros (aproximada­mente R$ 100 milhões) para a Doyen, divididos em três parcelas a serem pagas no fim dos anos de 2017, 2018 e 2019.

Quando contratou Damião do Internacio­nal, em dezembro de 2013, a empresa gastou 13 milhões de euros (na época, R$ 42 milhões) e o repassou ao clube paulista.

Pelo contrato, o Santos não poderia vendê-lo por valor inferior a 18 milhões de euros.

Se o fizesse, teria de repassar à empresa a diferença ou quitar a quantia desembolsa­da por ela com acréscimo de juros de 10% por ano até o fim do vínculo do atleta.

O montante equivale à dívida pela compra de Damião somada à multa pela saída de Lucas Lima de graça do clube.

No contrato com o meia estava previsto que o Santos deveria indenizar o investidor caso Lucas Lima deixasse a equipe sem custos. O combinado previa que o Santos precisaria devolver o gasto da empresa na contrataçã­o do meia.

A Doyen gastou R$ 5,5 milhões para tirá-lo do Internacio­nal no início de 2014. Com a correção monetária, o montante estaria em R$ 8 milhões.

Somam-se ao débito com a empresa valores das vendas de Geuvânio e Gabigol. A empresa havia adquirido porcentage­ns deles na gestão Odílio Rodrigues, que ficou no clube entre 2013 e 2014.

Os investidor­es também compraram 25% de Daniel Guedes, em valor incluído no acordo com o Santos.

Geuvânio foi para o futebol chinês por 11 milhões de euros (R$ 40 milhões), sendo que a empresa poderia levar 35% dos direitos econômicos (R$ 14 milhões). Gabigol foi para a Inter de Milão por 25 milhões de euros (R$ 91 milhões) —a Doyen teria direito a 20% (R$ 18 milhões).

Como o Santos não pagou a porcentage­m da Doyen pela saída de Geuvânio, além da dívida por Damião, foi acionado “curtir” o clube nas redes sociais. Neymar segue o Santos no Facebook e no Twitter, mas não no Instagram.

“Ele não curtia a página do Santos há muitos meses. Ele e outros jogadores passaram a curti-la de novo. Isso logo depois da eleição. É demonstraç­ão de confiança”, afirmou Peres.

A assessoria de Neymar afirmou “não saber dizer” se ele voltou a seguir o Santos nas redes sociais do clube recentemen­te.

“Há pendências do Santos com o pai do Neymar e não entramos nesse assunto. Jogador que passou e tem identifica­ção com o Santos deve ser tratado com carinho e se sentir em casa. Quando está no Brasil, tem de ir no Santos, não em outro clube”, complement­ou.

Neymar pai foi quem armou a ida de Lucas Lima para o Palmeiras, de graça, o que gerou nova dívida do Santos com a Doyen. Recentemen­te, o jogador adquiriu camarote do Allianz Parque em leilão beneficent­e do goleiro Marcos. (AS E DG)

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