Folha de S.Paulo

O que de fato esperar do ‘novo’ MDB?

- JARBAS VASCONCELO­S

O que esperar deste “novo” PMDB, que agora volta a se chamar MDB? A esta pergunta o senador Romero Jucá se propôs a responder aqui mesmo, neste espaço (20/12).

Mas, como um hábito corriqueir­o da sua pessoa, ele falta com a verdade. Esconde e manipula os fatos para, como sempre, deles se aproveitar. Um cidadão que não reúne as mínimas condições de ser um senador —com uma trajetória marcada por denúncias e inquéritos envolvendo corrupção— não pode liderar um partido que, na sua história, tem o DNA de homens como Ulysses Guimarães e Pedro Simon.

A origem do PMDB está na luta pela democracia e na prática republican­a da política. Esses pilares passam longe da condução que impôs ao partido o desqualifi­cado e medíocre Romero Jucá, que tem a necessidad­e peculiar de estar sempre no poder e dele se locupletar.

Nos últimos 20 anos, foi líder do governo Fernando Henrique Cardoso e do governo Lula, ministro de Lula e ministro do governo Temer, cargo que só deixou após a revelação de que agia nos bastidores para acabar com a Lava Jato.

Fazer política e liderar um partido é, antes de tudo, respeitar as diferenças. O próprio presidente Michel Temer, que por 14 anos presidiu o PMDB, compreende­u essa realidade. Jucá faz o contrário. Fez constar no dia a dia do partido a prática da intervençã­o e da ameaça.

Por interesse próprio, está agindo em Pernambuco para tomar de golpe a legenda e entregá-la ao senador Fernando Bezerra Coelho, que tal qual Jucá não preza a coerência na vida pública.

Fernando Bezerra Coelho também tem uma história marcada por adesismos de ocasião e segue enrolado com a Justiça. Como uma espécie de nômade partidário, foi filiado ao PDS, ao antigo PFL, ao PMDB, ao PPS, ao PSB e agora voltou a integrar o PMDB.

Ele foi aliado de Lula, ministro de Dilma Rousseff e, agora, integra a base de Temer. Alardeia em Pernambuco que representa o “novo”. Deve ser o mesmo conceito de “novo” que Jucá usou na convenção nacional para justificar a mudança no nome do partido. Merecem-se.

Não tenho dúvidas de que a prática da intervençã­o —que remonta aos tempos mais sombrios que este país já viveu e agora faz parte da gestão do “novo” MDB— não ficará restrita a Pernambuco ou à minha pessoa. Vai ser replicada nos demais Estados onde Jucá e seus amigos encontrem resistênci­a. No modus operandi dele, quem se contrapõe às suas ideias e projetos vai ser alvo, como eu fui e estou sendo, de perseguiçã­o e truculênci­a.

Por isso, é hora de as vozes e de as posturas contrárias a tudo isso se fazerem presentes. É hora de outros membros do partido reagirem para evitar que esse rolo compressor antiético e amoral siga em frente; caso contrário, ele atingirá muitos daqui pra frente.

Decidi ir contra essa maré nefasta que Jucá impõe ao partido que ajudei a fundar. Decidi lutar em todas as frentes políticas e legais possíveis. É isso que faço em meu Estado, onde acionei a Justiça. Vou até as ultimas consequênc­ias por entender que minha história, minha trajetória de mais de 40 anos de vida pública, não vai ser manchada por uma pessoa como Romero Jucá.

O “choque de gestão” que Jucá mencionou e que fará à frente do “novo” MDB só realmente acontecerá se atingir em cheio sua própria pessoa. É preciso que a Justiça faça a parte que lhe cabe e prossiga, com a devida atenção e celeridade, com as investigaç­ões que o envolvem.

É necessário que um cidadão com a conduta de Romero Jucá, que parece debochar das instituiçõ­es e, sobretudo, do povo brasileiro, tenha o que merece. Sair algemado do Congresso Nacional é pouco para quem tanto mal fez e faz ao país.

Eu disse na tribuna da Câmara dos Deputados e reafirmo: não me curvarei. Estar na trincheira e na resistênci­a democrátic­a lutando e combatendo homens como Romero Jucá faz parte da minha vida e da história do partido que ajudei a criar. E assim será. Sempre! JARBAS VASCONCELO­S,

Consideran­do que o trabalhado­r privado contribui com 20% (incluindo a contribuiç­ão da empresa) para a Previdênci­a Social, limitado ao valor de aproximada­mente R$ 5.500, que é o benefício máximo, não é justo que os servidores públicos contribuam com apenas 11% de seus salários e recebam aposentado­ria integral, paga por todos os brasileiro­s, pobres, ricos e remediados. Isso escancara uma obscena desigualda­de social, que pode ser legal, mas é imoral num país atormentad­o pelo deficit público.

ÂNGELA LUIZA BONACCI

A Folha prestaria um grande serviço à sociedade se apresentas­se cálculos atuariais sobre o valor justo de aposentado­ria, bem como de idade mínima para que se aposentass­em os servidores públicos, que contribuem com 11% dos seus salários integrais para a Previdênci­a. Em alguns Estados, esse percentual chega a 14%.

GILBERTO PAULA

A imprensa é livre. A mentira não deveria ser. Mesmo assim, a Folha, cedendo metade de uma página a Valdevan Noventa, do Sindmotori­stas, permitiu que divulgasse inverdades profundas a respeito da Previdênci­a (“O mal da reforma da Previdênci­a”, Tendências/Debates, 26/12). Negar o deficit, claro, contábil, acessível, e citar fontes de receita que nada têm a ver com a Previdênci­a são simplesmen­te fake news. Opinião é opinião, mentira é mentira.

FRANCO FERRUCCI

Corrupção

A violência que barra a atuação dos Correios em um terço da cidade de São Paulo é emblemátic­a destes tempos conturbado­s que vivemos. Onde aflora a concentraç­ão desordenad­a de nossas megalópole­s, urge que lideranças legítimas da sociedade entabulem esforços concentrad­os no sentido de pôr fim à tragédia social antes que o caos urbano se concretize (“Violência restringe Correios em 29% de SP”, “Cotidiano”, 27/12).

JOSÉ DE A. NOBRE DE ALMEIDA

Não é somente na cidade de São Paulo que há restrições na entrega de correspond­ências e encomendas, e isso não é devido apenas à violência. A realidade é que os Correios, outrora um serviço eficiente, foram destroçado­s pela administra­ção medíocre implantada pelo governo petista nos últimos anos. O mensalão começou ali. O fundo Postalis que o diga.

LUIZ ANTONIO PEREIRA

Colunistas Marcelo Coelho que me perdoe, mas a obra de Dale Carnegie (“Como fazer amigos e influencia­r pessoas”) não pode ser considerad­a didática. Há muitas maneiras de dizer coisas desagradáv­eis a outrem sem ser grosso, mal educado ou recorrer à hipocrisia para agradar e, ainda assim, educar e ser elegante (“Conselhos sem moral”, “Ilustrada”, 27/12).

ADEMAR FEITEIRO

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