Folha de S.Paulo

Amplo consenso é possível. Dois, ele precisa de uma Merkel forte”, dizia o artigo.

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As dificuldad­es para formar uma coalizão após as eleições de 24 de setembro parecem ter abalado o apoio da população à chanceler alemã, Angela Merkel.

Pesquisa do instituto YouGov encomendad­a pela agência dpa e publicada nesta quinta-feira (27) pelo jornal “Die Welt” indica que quase metade dos alemães —47%— gostaria que ela abandonass­e o cargo antes do tempo. Eram 36% em outubro.

Outros 36% querem vê-la à frente do governo por mais quatro anos, como está previsto. Há três meses, 44% manifestar­am essa preferênci­a.

O partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), venceu as eleições mas sem ampla maioria. Tentou formar uma coalizão com os Verdes e o FDP (liberais), a chamada “coalizão Jamaica”, mas as tratativas fracassara­m em novembro, após quase um mês de conversas.

Agora, a chanceler tenta formalizar uma coalizão com seu atual parceiro de governo, o Partido Social Democrata (SPD), que havia decidido passar à oposição após seu pior resultado histórico em setembro. O partido acabou voltando atrás e aceitando negociar com Merkel, em nome da estabilida­de.

Mas as conversas tampouco estão avançando e acabaram sendo adiadas para o início de janeiro.

Na imprensa alemã, crescem as vozes no sentido de que força unificador­a de Merkel não é mais a mesma.

Em artigo recente, a revista semanal “Der Spiegel” afirmou que o país está assistindo ao fim da era Merkel.

“O Merkelismo está em crise porque dois de seus pré-requisitos não estão sendo preenchido­s. Um, ele precisa de um clima social em que um

País não formou governo após eleições de 24 de setembro

ELEIÇÕES Caso não consiga formar uma coalizão, Merkel tem a opção de fazer um governo de minoria, algo que ela já disse que não quer, ou terá de convocar novas eleições.

Porém, pesquisas divulgadas também nesta quinta com dois institutos de pesquisas, Forsa e Emnid, mostram um cenário eleitoral muito parecido com o produzido pelas eleições de setembro, caso houvesse novas eleições.

A CDU e sua legenda-irmã da Bavária, CSU, obteriam 34% (Forsa) ou 33% (Emnid) dos votos. O SPD viriam em segundo, com 19% ou 21%.

O partido de direita populista Alternativ­a para a Alemanha (AfD) aparece com com 12%, mas poderia perder a posição de terceira força no Parlamento para os Verdes, que cresceriam, com 12% (Forsa) ou 11% (Emnid).

Após terem sido responsáve­is pela ruptura da “coalizão Jamaica”, o FDP cairia para 8% em ambas as sondagens, enquanto a Esquerda se manteria estável com 10%.

O SPD, que perdeu terreno entre os eleitores após anos de coalizão com os democratas-cristãos, vem relutando em se compromete­r com uma reedição da aliança devido à resistênci­a de parte de sua base, especialme­nte a mais jovem —e mais à esquerda.

“Este é o começo do fim da governo Merkel. O SPD faria bem em não prolongar esse mandato”, afirmou o líder da ala jovem do SPD, Kevin Kühnert, ao jornal “Tagesspieg­el”. “Cada vez mais pessoas percebem que Merkel não tem ideias para o futuro.”

“Se a chanceler continuar a rejeitar as propostas de reforma da União Europeia, não haverá coalizão com o SPD”, disse Sigmar Gabriel, ministro das Relações Exteriores e ex-líder do partido.

O atual líder do SPD, Martin Schulz, defende uma reforma da zona do euro com vistas a criar o que chamou de “Estados Unidos da Europa” até 2025.

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Bern Settnik/dpa/AP Escultura de gelo da chanceler Angela Merkel e seu típico gesto com as mãos, em Berlim

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