Economistas querem índice de inflação sem alta volatilidade
Três economistas da FGV propõem um novo cálculo de inflação para que itens voláteis não atrapalhem a percepção da tendência dos preços.
Produtos que variam demais sujam a inflação, o que dificulta o entendimento de qual é realmente a direção dos preços, argumentam Pedro Ferreira, Daiane de Mattos e Vagner Ardeo.
Más condições do tempo podem encarecer os alimentos, mas o evento é transitório, e os preços voltarão a cair. “Esse comportamento transitório adiciona ruído à taxa de inflação”, escreveram na revista de economia da FGV.
A ideia consiste em fazer três ajustes ao IGP. O primeiro é aparar do número as variações extremas de preços (os “outliers”).
A segunda é calcular os efeitos de sazonalidades (como os da oferta de alimentos) e retirar esse valor do índice.
Por fim, sugerem calcular uma média móvel dos três últimos meses —por exemplo, o número deste mês seria a soma de outubro, novembro e dezembro dividido por três.
Há outros índices que buscam isolar o núcleo da inflação, mas o triplo filtro proposto pelos economistas é uma versão que retira ainda mais volatilidade do número.
“O preço do tomate não é algo conjuntural da economia. Os choques dele não vão se espalhar para outros produtos. A preocupação deveria ser olhar só para o núcleo”, afirma Ferreira.
O cálculo para tirar excesso de variação funciona para baixo: o IGP caiu mais que o indicador deles, diz.