Tréplicas encerram polêmica entre economistas
FOLHA
A Folha me informou que Alexandre Schwartsman quer outra rodada do debate iniciado por seus ataques, sempre pessoais, contra mim. Em respeito aos leitores, prefiro deixar o colunista aprender sozinho desta vez. Melhor falar de algo mais relevante.
O Brasil saiu da recessão neste ano. O crescimento foi concentrado na agropecuária, mas ainda assim deve ser comemorado. As projeções de mercado indicam aceleração em 2018, puxada por indústria e serviços, outra notícia positiva.
A grande questão sobre a recuperação atual não é sua ocorrência. Depois de uma recessão, sempre vem uma recuperação. O ponto principal é: por que tão devagar?
Comparada com episódios similares de nossa história, a recuperação em curso tende a ser a mais lenta após três anos seguidos de queda do PIB per capita.
Um lado do debate público no Brasil atribui a recessão e a lenta recuperação somente aos governos do PT. Segundo essa visão simplista, tudo deu certo a partir de maio de 2016. Não é preciso ser economista para ver o viés político dessa interpretação.
Uma análise mais isenta ajuda a entender a questão. Sim, houve equívocos de política econômica em 2012-14. Tanto que a presidente Dilma começou seu segundo mandato tentando corrigi-los.
Por limitação de espaço, destaco dois pontos: adiar o enfrentamento do desequilíbrio orçamentário via operações legais, mas não recorrentes, de antecipação de receita e adiamento de despesa (Temer está indo pelo mesmo caminho) e tentar controlar preços para adiar o aumento da Selic (isso a própria Dilma já corrigiu em 2015).
A direção da política econômica de 2012-14 foi um dos motivos que me fizeram deixar o governo, em junho de 2013, após encaminhar a criação do fundo de pensões dos servidores (com sucesso) e a reforma do ICMS (sem sucesso). Mas voltemos ao principal.
Será que os erros de 201214 explicam toda a recessão e a lenta recuperação? É claro que não! O momento atual também se deve à estratégia do “quanto pior, melhor” adotada por MDB e PSDB contra o PT.
Em 2015, houve as pautasbomba. Em 2016, o golpe parlamentar. Nos dois casos, o Brasil ficou paralisado —não se aprovava nem “parabéns para você” no Congresso— enquanto a economia só piorava. Aguardo a autocrítica dos incendiários de ontem, embora saiba que NELSON BARBOSA, @nelsonhbarbosa
DE SÃO PAULO
Os artigos publicados nesta quinta-feira (28) encerram debate de ideias travado pelos economistas e colunistas da Folha Alexandre Schwartsman e Nelson Barbosa.
O procedimento é previsto no “Manual da Redação” da Folha, para evitar que a discussão se alongue.
O manual destaca que a Folha “estimula polêmicas em suas páginas”, seja em artigos, reportagens ou entrevistas, e recomenda que a maneira de encerrá-las seja dar às partes oportunidade final de se manifestar.