CRÍTICA Repetitivo, filme sobre mãe e filha é rotineiro
Sem originalidade, longa com Ingrid Guimarães e Larissa Manoela exibe verborragia desmedida de personagem
O convencionalismo é a marca registrada desta comédia típica do período de férias de verão, dirigida a toda a família. Adaptado do livro homônimo que foi o primeiro sucesso de Thalita Rebouças, o filme fala das alegrias, agruras e frustrações que envolvem a relação mãe-filha.
A narrativa acompanha Ângela Cristina (Ingrid Guimarães) e a filha Maria de Lourdes (Larissa Manoela), a Malu, desde o nascimento desta até o fim da adolescência. A primeira parte, que vai até os 15 anos da garota, é narrada por Ângela; a segunda, por Malu.
Guimarães compõe Ângela de modo previsível, dentro do seu registro habitual, o da mulher ativa, contemporânea e desbocada. O humor que pretende criar reside na defasagem entre a realidade e as neuroses da personagem, levadas aqui ao extremo.
A mesma desmedida se desdobra na verborragia de Ângela, que fala vertiginosamente sobre temas importantes ou banalidades, pouco importa. Além de não ter muita graça, o longa acaba sendo repetitivo e cansativo.
Diante de uma mãe desvairada como essa, cujas perturbações e preocupações fazem dela uma caricatura da mãe superprotetora, a pobre filha acumula momentos embaraçosos às dezenas. A cena do ônibus mostra à perfeição a que ponto o constrangimento pode chegar, e o que é pior, sem ter a menor graça.
Essa superproteção deformada pelo excesso tem evidentes referências na igualmente tagarela e absurdamente zelosa Dona Hermínia, personagem de Paulo Gustavo em “Minha Mãe É uma Peça”. Não por acaso, Gustavo faz uma ponta no filme.
Apesar de cobrir a infância e parte da juventude de Malu, o filme não tem muita coesão e nem ritmo, principalmente na segunda parte: parece uma sucessão de gags, de esquetes mais ou menos forçados. A fórmula do humor é sempre a mesma, o velho estereótipo do “a gente briga, mas a gente se ama”.
Feito com a intenção deliberada de buscar a identificação com o maior número de pessoas possível, o filme toca em várias questões e situações relativas à família e aos filhos, da separação dos pais à sexualidade adolescente, passando pela independência e os primeiros passos na vida profissional da garota. Mas é tudo de passagem, sem aprofundamento.
A relação entre mãe e filha é tão voraz que os dois irmãos de Malu são presenças meramente decorativas. O pai, que tem alguma função na primeira parte, praticamente desaparece na segunda. Os demais personagens secundários também são irrelevantes.
Na mesma linha estão as participações especiais de Paulo Gustavo e Fábio Junior, como eles mesmos, simples exercícios de autopromoção que nada acrescentam. DIREÇÃO Pedro Vasconcelos ELENCO Ingrid Guimarães, Larissa Manoela, Marcelo Laham, João Guilherme Ávila PRODUÇÃO Brasil, 2017 QUANDO estreia nesta quinta (28) AVALIAÇÃO ruim