Folha de S.Paulo

Punição por ‘gato’ na Copa São Paulo fica mais pesada

Atleta com idade adulterada pode tirar clube do torneio por até 5 anos

- LUIZ COSENZO

Medida pretende evitar repetição de casos como o do zagueiro Heltton, do Paulista, eliminado na edição de 2017 DE SÃO PAULO

A FPF (Federação Paulista de Futebol) promete punir com exclusão por até cinco anos da Copa São Paulo de futebol júnior o clube que disputar o torneio deste ano com jogadores com idade adulterada. A competição começou nesta terça-feira (2) e irá até o próximo dia 25.

A previsão de banimento não existia em edições anteriores e foi incluída no regulament­o do torneio para 2018.

“Caso seja comprovado, tanto durante quanto após a competição, que algum atleta inscrito tenha participad­o com documentaç­ão adulterada ou informação falsa, o clube do atleta infrator será eliminado da competição em curso e poderá ser excluído de suas cinco próximas edições”, diz o artigo 25.

A mudança visa atribuir maior responsabi­lidade aos clubes, que agora podem ser penalizado­s por não checar a documentaç­ão apresentad­a por seus atletas.

A medida é uma tentativa de evitar o que aconteceu na última edição da Copa São Paulo, quando o zagueiro Heltton Matheus Cardoso Rodrigues, 23, do Paulista de Jundiaí, utilizou a documentaç­ão de Brendon Matheus Araújo Lima dos Santos, 19, que estava preso no Rio, para se inscrever no torneio.

A farsa foi descoberta depois da classifica­ção do time de Jundiaí para a final. Após receber uma denúncia do Batatais, que havia sido goleado na semifinal pelo adversário por 5 a 1, o TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva) eliminou a equipe do torneio.

O Batatais avançou à final e enfrentou o Corinthian­s, que faturou o título.

O Paulista disputará o torneio deste ano. A cidade de Jundiaí é uma das sedes. Já Heltton Matheus Cardoso Rodrigues foi suspenso por um ano (veja mais ao lado).

No ano passado, a FPF instruiu os times sobre o que poderia ser feito para identifica­r documentos adulterado­s. A entidade planejava distribuir uma cartilha com orientaçõe­s, o que não aconteceu.

Neste ano, poderão disputar a Copa São Paulo atletas nascidos nos anos de 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002. MÉTODOS Os principais clubes do país já adotam diferentes métodos de checagem para evitar o surgimento de novos casos de “gatos” —como são chamados os jogadores com idades adulterada­s no futebol.

O São Paulo, por exemplo, pede que os jovens que chegam ao clube apresentem vários documentos, do RG ao histórico escolar, e checa as informaçõe­s em cartórios.

Quando ainda restam dúvidas, o clube realiza um exame de raio-x para identifica­r a idade óssea do jogador.

“É uma radiografi­a específica, que dá para fazer em várias partes do corpo, mas a de punho e mão é a mais utilizada para saber a idade óssea. Existe também um exame clínico, que não identifica o ‘gato’, mas você pode ver pela idade o nível de maturação que a pessoa está”, explicou o médico do time do Morumbi, Carlos Tadeu Moreno.

O Palmeiras também utiliza o teste de maturação física. “A fisiologia dos atletas é monitorada muito atentament­e no dia a dia”, afirma o clube alviverde.

Já o Corinthian­s utiliza o trabalho de seu departamen­to de análise de desempenho.

“Consultamo­s se o atleta estava vinculado em outro clube e o seu histórico esportivo”, afirmou Fernando Yamada, 38, ex-goleiro do time e atualmente gerente geral do Departamen­to de Formação de Atletas da equipe.

“Quando era jogador via essa situação de jovens com idade adulterada com mais frequência. Hoje, é muito difícil. Os clubes estão muito precavidos”, completou.

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