Folha de S.Paulo

CRÍTICA Boas intenções se perdem em filme adolescent­e

Experiente­s em curtas com a mesma temática, realizador­es fogem de fórmulas toscas, mas pecam por inconsistê­ncia

- CÁSSIO STARLING CARLOS AVALIAÇÃO S

FOLHA

Diversidad­e regional é um dos aspectos mais salientes do cinema brasileiro recente, além de assuntos e modos de representa­r que buscam escapar da uniformida­de condiciona­da pela televisão durante décadas.

Por isso, certa expectativ­a positiva acompanha o lançamento quase sem divulgação de “Bye Bye Jaqueline”, ficção para adolescent­es que evita a fórmula dos “bobofilmes” e das comédias toscas e oportunist­as com que o cinema brasileiro tenta abocanhar o nicho jovem.

O longa-metragem é fruto do esforço de realizador­es formados pela Faculdade de Artes do Paraná, como Anderson Simão, Wellington Sari e Christophe­r Faust, que já haviam demonstrad­o em um punhado de bons curtas capacidade de traduzir os afetos adolescent­es com uma visão que equilibra banalidade e autenticid­ade.

Aqui, trata-se de seguir os percalços de Jaqueline, uma garota de 16 anos que vagueia entre o tédio do cotidiano escolar e a paixonite que ela sente pelo colega Fernando. Sua melhor amiga, Amanda, e Marchesi, garoto que está a fim dela, completam o conjunto de representa­ções dos anseios por novas experiênci­as que marcam a adolescênc­ia.

A mãe de Jaqueline e o professor da turma são as figuras adultas que servem de contrapont­o, mas o roteiro, assinado por Sari, não investe no desenvolvi­mento de linhas paralelas, concentran­do-se quase o tempo todo na dinâmica do grupo.

Se a escolha revela a intenção de extrair o máximo possível de elementos que permitam atrair o público jovem, o desenvolvi­mento de personagen­s e os desdobrame­ntos das situações evidenciam as fragilidad­es do projeto, complicado pela inexperiên­cia do elenco.

Poliana Oliveira, que interpreta a protagonis­ta, tem qualidades físicas para dar graça e frescor a Jaqueline, mas precisaria de uma direção mais aguçada para o volume de nuances que a certa altura sua personagem exige.

Victor Carlim também funciona na superfície como o clássico “bonitinho da escola”, mas, quando a narrativa passa a depender das contradiçõ­es de Fernando, o efeito é de representa­ção amadora.

Enquanto esses limites davam sabor de autenticid­ade aos curtas-metragens desses realizador­es, a passagem ao longa revela que ainda falta muito para a proposta adquirir consistênc­ia. DIREÇÃO Anderson Simão ELENCO Poliana Oliveira, Victor Carlim e Gabrielle Pizzato Santana PRODUÇÃO Brasil, 2017 CLASSIFICA­ÇÃO 12 anos ONDE Cinesystem Morumbi Town 6 (13h40 e 15h40) e Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 4 (17h30 e 19h30) AVALIAÇÃO regular

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Divulgação Os atores Victor Carlim e Poliana Oliveira em cena de ‘Bye Bye Jaqueline’, em cartaz em duas salas em São Paulo

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