Folha de S.Paulo

Os voos de Coutinho e Neymar

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ENQUANTO NEYMAR sonhava em sair do Barcelona, onde era um magistral coadjuvant­e, com a intenção de se tornar um grande protagonis­ta e ainda mais celebridad­e, além de ter muito mais chance de ganhar o título de melhor do mundo, o excelente Coutinho, que não tem o talento de Neymar, sonhava em ser um grande coadjuvant­e no Barcelona, ao lado de Messi, e conquistar muitos títulos.

Neymar e Coutinho, cada um com seu talento e diferentes ambições, seguiram seus desejos, com coragem, mesmo correndo riscos de diminuir o enorme prestígio que tinham no Barcelona e no Liverpool.

O Barcelona, após a saída de Neymar, passou a jogar com uma linha de quatro no meio-campo (Busquets e Paulinho pelo meio, Rakitic pela direita e Iniesta pela esquerda), além de Messi e Suárez no ataque. Coutinho pode jogar bem em várias funções, mas seu lugar, onde brilhava intensamen­te no Liverpool, é mais adiantado, da esquerda para o centro.

Além do talento, os excepciona­is jogadores, para se tornarem grandes protagonis­tas das melhores equipes, precisam descobrir suas posições e funções de referência, onde executam o que sabem fazer melhor.

O Barcelona possui oito jogadores do meio para frente (Busquets, Rakitic, Iniesta, Paulinho, Coutinho, Debelé, Suárez e Messi) para seis posições. Busquets, Suárez, Messi e Iniesta (se estiver bem fisicament­e) são titulares. Os outros quatro vão disputar duas vagas. Na prática, haverá um rodízio, e todos vão jogar. A principal deficiênci­a do Barcelona na temporada passada foi não ter ótimos reservas.

Além da de Coutinho, outra transferên­cia demorada e comentada foi a do técnico Rueda. Ele estava de férias, recebeu uma sedutora proposta e, como alegou, só não avisou antes ao Flamengo se sairia ou não porque não havia a certeza do acerto. A seleção chilena e o técnico chegaram a um acordo, e o Chile pagou a multa rescisória prevista no contrato. Nada errado. O Flamengo sabia de tudo, tanto que o presidente, na quarta (9), em entrevista, elogiou o técnico. Treinadore­s, estrangeir­os ou brasileiro­s, jogadores, jornalista­s e profission­ais de todas as áreas recebem propostas e têm o mesmo comportame­nto, aceitam ou não.

Não entendi quase nada da entrevista de Carpegiani, tanto algumas perguntas quanto algumas respostas. Perguntara­m até se ele gostaria de trabalhar com Adriano. Não entendi também se ele será um técnico tampão, se passará a ser um coordenado­r, como era previsto anteriorme­nte, ou se vai fazer as duas funções.

Nos outros clubes brasileiro­s, jogadores e técnicos também chegam e saem. Até agora, os únicos times que se fortalecer­am foram Palmeiras e Cruzeiro. Os outros estão na mesma ou pioraram. O Palmeiras contratou três bons reforços (Diogo Barbosa, Marcos Rocha e Lucas Lima), embora tenha perdido o único ótimo zagueiro (Mina). O Cruzeiro contratou Fred e Edílson, para posições que tinha grande carência, apesar de ter perdido Diogo Barbosa.

Quando era técnico da seleção, Mano Menezes barrou Fred, com razão, pois sonhava com algo melhor para uma grande equipe, ainda mais que já tinha um artilheiro, Neymar. No Cruzeiro ou em qualquer time brasileiro, é diferente. Mano sabe da importânci­a de ter um grande artilheiro, mesmo lento. Quando precisar de correria, de velocidade, pode colocar o touro Sassá.

Neymar e Coutinho seguiram seus desejos, com coragem, mesmo com riscos de perderem prestígio

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