Folha de S.Paulo

Prestando contas da renúncia fiscal

Ao contrário do que diz esta Folha, o TCU reconhece o desempenho da Suframa em gerir incentivos concedidos à Zona Franca de Manaus

- APPIO TOLENTINO

Há equívocos em reportagem desta Folha, publicada na segunda (8), sob o título “Governo não controla 53% dos subsídios”, ao incluir a ZFM (Zona Franca de Manaus) nos beneficiár­ios de isenção fiscal apontados pelo TCU (Tribunal de Contas da União). E que a renúncia fiscal da Amazônia não tem data para acabar. E ainda que o “resultado é um baixo controle sobre a efetividad­e das políticas públicas que motivaram a renúncia de impostos”.

Faltou indicar o documento do TCU onde está contido este dado. Quando cita a ZFM, aquela corte afirma exatamente o contrário. Basta conferir o acórdão 608/2016, fruto de extensa auditoria, que reconhece o desempenho da Suframa (Superinten­dência da Zona Franca de Manaus), órgão gestor dos incentivos, e recomenda ao Poder Executivo assegurar plenas condições para exercer suas funções de acordo com o mandamento constituci­onal.

Esta Folha destacou, em reportagem recente, que a Suframa era o único gestor a prestar contas dos incentivos, prorrogado­s até 2073 pelo Congresso —um reconhecim­ento nacional da efetividad­e de seus resultados, como a geração de mais de 2 milhões de empregos no país e a proteção florestal.

No acórdão nº 2.388/2017, o TCU exalta a Suframa e instrui o Ministério da Indústria a elaborar medidas de recursos humanos e financeiro­s para ampliar os benefícios da ZFM. Estamos aqui, novamente, prestando contas ao Brasil de nossos acertos. Apesar da recessão, empregamos em Manaus, atualmente, mais de 87 mil pessoas, com mais de 450 mil empregos indiretos em cadeia produtiva nacional de mais de 2 milhões.

A Receita reconhece que os incentivos do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima representa­m só 8% do bolo. Os 92% restantes estão fora da Amazônia Ocidental —mais da metade no Sudeste.

O Amazonas participa com 41% da arrecadaçã­o federal na Região Norte, com 44% na 2ª Região Fiscal, e 67%, se comparado com os Estados da Amazônia Ocidental. Nos indicadore­s de transferên­cia de renda, 41,3% são apropriado­s pela remuneraçã­o dos empregados; o Amazonas é terceiro na arrecadaçã­o de impostos em proporção aoPIB, com 17,1% —fica atrás apenas de São Paulo e do Espírito Santo, ambos com 17,5%.

A economia da ZFM é sinônimo de proteção florestal. Com 98% de cobertura vegetal, podemos formar, com sua evapotrans­piração, os rios voadores que abastecem reservatór­ios do Sudeste. Geramos 59% da energia de São Paulo. O critério da sustentabi­lidade ambiental descreve a industrial­ização nas áreas de livre comércio da Amazônia Ocidental e Amapá, onde biodiversi­dade amazônica se usa com pesquisa e desenvolvi­mento.

É emblemátic­a a avaliação recente do diário inglês “Financial Times”, que nos honrou com reconhecim­ento de Melhor Zona Franca das Américas, Melhor Zona Franca para Sustentabi­lidade, Melhor Zona Franca para Expansão e Melhor Zona Franca para Novos Investimen­tos. Não estamos atrás de aplauso, mas de respeito e oportunida­de de integração nesse megadesafi­o de fazer do Brasil uma civilizaçã­o próspera, sustentáve­l e justa. APPIO TOLENTINO,

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