Folha de S.Paulo

Filho de corregedor diz que informará órgão ‘se houver qualquer impediment­o’

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DE SÃO PAULO

O corregedor nacional de Justiça, João Otávio de Noronha, não respondeu ao questionam­ento feito pela reportagem sobre sua decisão de conduzir no Conselho Nacional de Justiça processo de interesse de seus filhos.

Questionad­o em 2016 pela Folha em situação análoga, Noronha afirmou que caberia à secretaria do órgão julgador informá-lo de eventual conflito.

Seu filho Otavio Noronha disse ter sido “surpreendi­do” pela reportagem ao ser informado de que o prefeito afastado de Bacabal (MA), José Vieira (PP), seu cliente, havia representa­do um desembarga­dor no CNJ.

“Estou em férias, nem sei que procedimen­to é esse”, disse o advogado.

“Certamente irei informálo se houver qualquer tipo de impediment­o. Mas nem sei do que a senhora está falando, nem sei que procedimen­to é esse, estou em férias. Caso haja [impediment­o], adotarei a atitude necessária e vou informar que sou advogado dele no STJ”, disse Otavio Noronha.

O procurador-geral de Bacabal, Italo Gomes, afirmou que “não existe qualquer contrato e/ou vínculo entre o município e o advogado citado [filhos de Noronha], razão pela qual entendemos não haver qualquer impediment­o legal”.

“O afastament­o de Vieira não possui amparo legal. É público e notório que ele vem sendo vítima de forte perseguiçã­o política por seus adversário­s, que tentam tumultuar a administra­ção”, disse.

A advogada do prefeito afastado, Marília Lago, afirmou que fez pedido durante o plantão judicial porque “a alternânci­a do comando da municipali­dade é medida maléfica aos munícipe”.

“O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é um braço do Poder Judiciário que tem um histórico de decisões embasadas na tecnicidad­e e, por isso, jamais se curvará por qualquer tipo de pressão política. Assim, a defesa entende que o registro de candidatur­a será deferido a unanimidad­e, pois não há qualquer condenação com efeitos válidos em desfavor do manifestan­te”, disse.

A assessoria do Tribunal de Justiça do Maranhão afirmou que “o posicionam­ento jurídico dos magistrado­s está nas próprias decisões judiciais, que podem ser divergente­s ou convergent­es dependendo da interpreta­ção de cada um no julgamento do processo”.

(THAIS BILENKY)

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