Brasileiro diz que premeditou a própria prisão na Venezuela
Jonatan Diniz foi detido por 11 dias por suposto elo com organização criminosa
Gaúcho, que está na Califórnia, diz em vídeo que pretendia chamar atenção para trabalho de caridade de sua ONG
O brasileiro Jonatan Moisés Diniz, 31, que ficou preso por 11 dias na Venezuela sob a acusação de ter elos com uma organização criminosa, disse que premeditou sua detenção a fim de chamar atenção para o trabalho de sua ONG, a Time to Change the Earth (hora de mudar a Terra).
A afirmação está em um vídeo exibido na quarta-feira (10), em Balneário Camboriú, durante uma apresentação da entidade que Diniz idealizou e da qual é vice-presidente.
“Se eu fui pra lá e eu fui preso, é porque eu incitei ser preso”, disse. “Eu sozinho não teria nenhuma voz, mas eu indo para a cadeia aconteceu exatamente o que estava nos meus planos.”
O ativista chamou seu plano de ser capturado de “um ato sem medo”. “Enfrentei pessoas poderosas, ligadas ao presidente, às Forças Armadas e, como eu já esperava, iria [fui] para a cadeia.”
Ele ainda criticou a imprensa por ter se concentrado nos detalhes relativos à prisão e em seu passado no país caribenho. “Jamais me perguntaram quantas crianças eu ajudei.”
Desde sua chegada à Venezuela, no início de dezembro, o gaúcho se expôs mais nas redes sociais. Tirou fotos com crianças que ajudou e amigos, além das imagens da Time to Change the Earth.
O comportamento foi diferente entre maio e agosto, quando morou no país —na época, só saiu em uma foto, de costas. Ele também levou camisetas e bonés para distribuir em ações filantrópicas.
Em outra rede social estavam públicas mensagens contra o regime no período em que morou em Caracas, que coincidiu com o auge dos protestos. A narrativa foi ecoada pelo governo. Como prova do suposto crime, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, apresentou as postagens de Diniz e os bonés.
Ele afirma ter bancado as ações filantrópicas com recursos próprios. Mas a passagem de Los Angeles para Caracas foi paga por sua mãe.
Segundo a Folha apurou, Diniz tem um histórico de problemas psiquiátricos e, em ao menos uma ocasião, foi internado em um hospital de Los Angeles.
O vídeo, feito em Santa Mônica (Califórnia), surpreendeu inclusive os companheiros de ONG de Diniz, que organizaram o evento na sede da OAB de Balneário Camboriú.
Segundo a presidente da ONG, Veridiana Maraschin, o gaúcho decidiu ir à Venezuela por conta própria. Naquele momento, afirma, a entidade ainda estava em processo de fundação, sem cadastro na Receita Federal, conta de banco ou sede.
Diante da prisão de seu vice, os trâmites pararam. Agora, a intenção é continuar o trabalho, mas se concentrando em Santa Catarina.
Na terça (9), Diniz havia postado um longo relato sobre as condições do cárcere. Contou ter recebido comida em só 3 dos 11 dias que passou preso, dividido a cela com outros oito detentos e sofrido tortura psicológica.
“Um dia antes de me soltarem, quando fui [...] obrigado a assinar minha expulsão do país por infelizmente 10 anos, foi que tive conhecimento […] que o caso tinha tomado grandes proporções”, relatou. PATRÍCIA CAMPOS MELLO,
DE BUENOS AIRES
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, repudiou o ataque do ELN (Exército de Liberação Nacional), na madrugada desta quartafeira (10), ocorrido logo após o fim do cessar-fogo que havia sido acertado durante as negociações em curso entre o governo e a guerrilha.
O ELN é hoje a maior do país, após a desmobilização das ex-Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), transformadas em partido.
Em pronunciamento horas depois do atentado, Santos afirmou que a equipe negociadora do governo, que se encontrava em Quito, sede das conversas, voltaria a Bogotá, interrompendo a nova rodada de negociações entre as duas partes que se iniciaria nesta semana.
O ataque a um oleoduto em Casanere, norte da Colômbia, resultou na morte de um funcionário da empresa Ecopetrol, principal petroleira do país. Além da vítima, o atentado causou vazamentos de gás e de petróleo que obrigaram as autoridades locais a retirar várias famílias.
“Também me comuniquei com os altos comandos de nossas Forças Armadas para que cumpram seu dever constitucional de reagir a essa agressão”, disse Santos, dando como encerrada a possibilidade de que o cessar-fogo pudesse ser renovado ACORDO DIFÍCIL A trégua entre o governo e o ELN teve início em 1º de outubro. Porém, já desde o começo das negociações, esse acordo vem se mostrando muito mais difícil do que o assinado com as Farc.
Isso porque o ELN insiste em não suspender, enquanto o acordo não for terminado, suas atividades criminosas, como o sequestro e a extorsão, alegando que são seu modo de sobrevivência enquanto não acertam como seria sua reintegração à sociedade colombiana.
Santos, porém, disse que a interrupção não significa o fim das negociações. “Meu compromisso com a paz tem sido e será indeclinável. Mas só se chega à paz com atos concretos de paz, e o ELN não vem cumprindo essa parte.”