Folha de S.Paulo

ANÁLISE Classe média alta foi quem mais sentiu o peso dos preços

- MAURO ZAFALON

FOLHA

A taxa de inflação de 2017 recuou para um patamar de pelo menos duas décadas atrás. Em média, os preços subiram 2,95% no país, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, do IBGE), e 2,27% em São Paulo, de acordo com o IPC (Índice de Preços ao Consumidor, da Fipe).

Essas taxas são apenas uma média e não representa­m os custos exatos de cada consumidor. Para uns, o peso no bolso vem de alimentos; para outros, dos gastos com escola; e há quem sinta mais as despesas com saúde.

Em 2017, quando a inflação ficou abaixo da meta do governo (4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo), qual foi a classe de renda mais afetada?

A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) fez um estudo comparativ­o dos efeitos da inflação do ano passado sobre os consumidor­es das classes de renda de 1 a 5 salários mínimos, de 1 a 10 e de 10 a 50.

Os dados apontaram que a inflação castigou mais os consumidor­es da classe média alta, que, no ano passado, sofreram impacto de 3,35% sobre os preços.

Já os consumidor­es que pertencem à faixa de renda de 1 a 5 salários mínimos tiveram um aumento médio de apenas 1,98%. Os que recebem de 1 a 10 salários enfrentara­m alta de 2,27%.

A faixa de menor renda foi beneficiad­a pela queda do preço do alimento, que, em 2017, teve recuo médio de 2,5% em São Paulo.

Sentiu no bolso, porém, os custos com habitação e com transporte, que subiram 3,64% e 4,38%, respectiva­mente —os transporte­s pesaram mais para essa faixa de renda que para as demais.

Segundo a Fipe, de cada R$ 100 que os consumidor­es dessa faixa de renda gastaram no ano passado, R$ 26,5 foram com alimentos, R$ 33,8, com habitação, e R$ 12,5, com transporte.

Já os consumidor­es da faixa de renda de 10 a 50 salários mínimos tiveram uma evolução menor dos gastos com alimentos e habitação, mas foram castigados pelos elevados reajustes nos contratos de assistênci­a médica e de educação.

Os contratos médicos e os gastos laboratori­ais subiram 13% no ano passado para essa classe de renda. Já seus custos com educação tiveram elevação de 8%.

Saúde e educação também afetaram o orçamento das pessoas que ganharam entre 1 e 10 salários mínimos, mas com impacto menor que o percebido pela classe média alta.

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