PagSeguro quer levantar até R$ 6,1 bilhões nos EUA
DE SÃO PAULO
O PagSeguro, sistema de pagamentos de compras que pertence ao UOL (empresa do Grupo Folha, que edita a Folha), espera levantar até US$ 1,89 bilhão (cerca de R$ 6,1 bilhões) com a oferta inicial de ações na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse).
Segundo prospecto publicado na SEC (regulador do mercado de capitais americano), a empresa pretende emitir cerca de 92,1 milhões de ações na Nyse. Desse total, 43,3 milhões serão novas ações, e as outras 48,8 milhões serão oferecidas pelo acionista controlador, o UOL.
A faixa de preço dos papéis foi estipulada entre US$ 17,50 e US$ 20,50, o que equivaleria a um valor entre US$ 1,61 bilhão e US$ 1,89 bilhão (ou R$ 5,2 bilhões e R$ 6,1 bilhões, pela cotação atual do dólar comercial, de R$ 3,23).
O PagSeguro estima que US$ 789 milhões iriam para a empresa, após dedução de comissões e custos e considerando preço de US$ 19 por ação, a faixa intermediária.
O dinheiro seria usado para financiar “aquisições seletivas” e para realizar investi- mentos “no negócio, em tecnologias ou em produtos que são complementares ao nosso negócio”.
De acordo com a empresa, um dos seus atrativos é que o mercado de pagamento digitais no Brasil, ainda que em crescimento, está bem abaixo do registrado em países desenvolvidos.
No Reino Unido, por exemplo, o comércio eletrônico representou no ano passado 18% das vendas totais do varejo, ante 3,6% no Brasil e 7,8% nos EUA, de acordo com o Banco Mundial.
A PagSeguro não anunciou a data para a abertura do capital. Ela cita o aumento da taxa de juros do país (que poderia provocar queda no uso de cartões de crédito) e as mudanças nas condições políti- cas e econômicas do país como fatores que podem interferir no sucesso do IPO. RETOMADA Os planos do PagSeguro acontecem em um momento em que as empresas brasileiras retomam o movimento de entrada na Bolsa de Valores.
Recentemente, a BR Distri- Atacadão Azul IRB Burger King Brasil Biotoscana Camil Hermes Pardini Ômega Geração Movida buidora (subsidiária da Petrobras) obteve R$ 5 bilhões com o seu IPO, o maior ocorrido no país desde 2013, quando houve a abertura de capital da BB Seguridade —captou R$ 11,5 bilhões (em valores da época).
Ao todo, dez empresas fizeram ofertas iniciais de ações na Bolsa de Valores brasileira em 2017, ano em que o mercado subiu 26,86% impulsionado pela recuperação da economia brasileira e pela queda da taxa básica de juros no país.
Outras companhias optaram, assim como o PagSeguro, pelo caminho do mercado dos Estados Unidos.
A alternativa americana, adotada, por exemplo, por Netshoes e Azul, tem custo maior, mas oferece em troca mais investidores dispostos a comprar ações de empresas de tecnologia, que são pouco representadas no mercado brasileiro. A Azul fez, ao mesmo tempo, oferta inicial de ações na Nyse e na Bolsa brasileira.
O lucro líquido do PagSeguro estimado para 2017 está na faixa entre US$ 460 milhões e R$ 480 milhões, ante R$ 127,8 milhões em 2016.
A receita total, segundo projeção para 2017, ficaria entre R$ 2,485 bilhões e R$ 2,515 bilhões, comparado a R$ 1,14 bilhão em 2016.
Goldman Sachs e Morgan Stanley serão os coordenadores globais da oferta da PagSeguro. O acionista vendedor é o próprio UOL. FATURAMENTO R$ 1,14 bilhão LUCRO R$ 128 milhões NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS 1.020 (30.set.2017) PRINCIPAIS CONCORRENTES PayPal e MercadoPago DA REUTERS - A Brasil Pharma, uma das grandes empresas de varejo farmacêutico do país, com dívidas de mais de R$ 1 bilhão, anunciou que pediu recuperação judicial depois de não conseguir resolver seus problemas financeiros extrajudicialmente.
Criado em 2009 como um veículo para consolidar compras de redes de drogarias regionais, o grupo (que tem 288 lojas e é controlado pela empresa Stigma Cayman, da americana Lyon Capital) teve problemas de integração e passou por disputas entre acionistas. Entre as suas redes, estão Big Ben, Farmais e Farmácia Sant’ana.
A empresa afirma no pedido à Justiça em São Paulo ter 15 mil credores.
As principais e mais relevantes dívidas do grupo foram contraídas no ano passado, com a emissão de R$ 511 milhões em cédulas de crédito bancário e da sétima emissão de debêntures no valor de R$ 400 milhões, nas quais o banco BTG Pactual figura como credor, de acordo com a empresa no pedido de recuperação judicial.