Folha de S.Paulo

Brasileiro­s são maioria na elite do surfe

Com 11 surfistas, Brasil supera Austrália e Estados Unidos como país com mais representa­ntes no Circuito Mundial

- KATIA LESSA

Apesar do aumento no número de brasileiro­s, país ainda está atrás de Austrália, EUA e Havaí em títulos conquistad­os FOLHA

Em 2018, pela primeira vez, os brasileiro­s serão maioria no Circuito Mundial de surfe.

Com a entrada de Yago Dora, Tomas Hermes, Willian Cardoso, Jessé Mendes e Michael Rodrigues na divisão de elite do surfe mundial, serão 11 brasileiro­s entre os 34 surfistas que disputarão o título mundial neste ano.

Mais integrante­s até que a Austrália, que em 2017 teve 12 surfistas enquanto o Brasil ficou com apenas 9.

A competição de 2018 terá, além dos 11 brasileiro­s, 8 competidor­es da Austrália, 6 dos EUA, 4 do Havaí (eles são contabiliz­ados pelos organizado­res do circuito separadame­nte dos americanos), 2 da França, 1 da África do Sul, 1 do Taiti e 1 de Portugal.

A conquista de cinco das dez vagas da divisão de acesso do Mundial de surfe foi celebrada pela nova geração com um churrasco, no North Shore da ilha de Oahu, no Havaí, em dezembro de 2017. Com banhos de cerveja, som alto e tufos de cabelos que eram raspados, os novatos comemorava­m, numa imagem semelhante à de um trote universitá­rio.

Nem quando Gabriel Medina ganhou o primeiro título mundial de surfe para o país, em 2014, a animação dos brasileiro­s foi tão grande.

“A triagem pela qual esses garotos passaram não é fácil. São mais de 300 surfistas brigando por 10 vagas, conseguimo­s metade delas”, afirmou Adriano de Souza, o Mineirinho, segundo brasileiro a conquistar o título do Mundial de surfe, em 2015.

Os novatos se juntam na briga pelo título mundial aos também brasileiro­s Gabriel Medina, Filipe Toledo, Adriano de Souza, Caio Ibelli, Italo Ferreira e Ian Gouveia —esse último entra no campeonato como convidado da WSL (organizado­ra da competição) depois do ótimo desempenho na etapa do Havaí, no fim do ano passado.

“Com essa invasão de brasileiro­s no CT [divisão de elite] quem ganha é o país. Estamos mostrando que temos ótimos competidor­es em um momento no qual diversos atletas da elite nem tem patrocínio. É o momento das empresas acordarem porque surfe a gente já mostrou que tem”, afirma Mineirinho.

As baixas de Miguel Pupo, Jadson André e Wiggolly Dantas, rebaixados para a divisão de acesso no ano passado, totalizam a contagem de 11 brasileiro­s

WILLIAM CARDOSO

brasileiro estreante no Mundial no Circuito Mundial.

“Essa turma que está chegando é muito boa. O impacto de entrar no CT não é fácil e eles só vão sentir a pressão em etapas como as do Taiti e do Havaí, mas o segredo é focar na técnica e não se preocupar em provar performanc­e”, aconselha Filipe Toledo.

A primeira etapa de 2018 será entre os dias 11 e 22 de março, em Gold Coast, na Austrália. Em maio, Saquarema, no Rio, recebe a etapa brasileira do circuito.

O aumento do número de brasileiro­s no Circuito Mundial é um fenômeno recente. Apesar de estarem em maior número, os brasileiro­s conseguira­m conquistar apenas dois títulos até hoje. A Austrália é o país com mais troféus na elite, com 20. Logo atrás estão EUA, com 19, e Havaí, com 7. O Brasil aparece na quarta posição, à frente de África do Sul, Reino Unido e Peru, com 1 título cada. VELHO NOVATO Entre os brasileiro­s que estreiam neste ano está o veterano Willian Cardoso, que, apesar dos 31 anos de idade, disputará pela primeira vez o título da divisão principal.

“O Willian é um ano mais velho do que eu, e admiro muito ele por nunca ter desistido e porque vi de perto a luta dele durante todos esses anos para chegar na elite”, diz Mineirinho, de 30 anos.

“O ano que vem promete ser mágico, mas estou com pé no chão e quero tentar me divertir na água. É assim que os resultados aparecem”, afirma Willian, que tentava a classifica­ção para a elite há 11 anos.

O ano que vem promete ser mágico, mas estou com pé no chão e quero me divertir porque é assim que os resultados aparecem

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