País também se faz presente nos bastidores
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Logo atrás do palanque que serve de base para a organização da etapa de Pipeline do Mundial de surfe, funcionários da WSL (Liga Mundial de Surfe, na sigla em inglês) tomam café da manhã enquanto Gabriel Medina reza antes de entrar no mar.
A língua oficial é o inglês, mas um ouvido mais atento escuta “esse café está ruim demais, moleque. Não vou me acostumar nunca”, em bom português.
Uma “brazilian storm” (apelido dado à geração que deu os primeiros títulos mundiais ao país no surfe) também atua nos bastidores do Circuito Mundial de surfe.
“É o emprego dos sonhos sim, mas tem seu lado negativo”, diz André Gioranelli, 42, analista de manobras e condições climáticas
Ele viaja para praias paradisíacas ao redor do mundo, mas não pôde estar presente no nascimento do próprio filho, Ben, hoje com 7 anos.
“Foi difícil, mas minha mulher entendeu que eu não era feliz no meu antigo trabalho. Fui surfista profissional e estava trabalhando na construção de casas”, afirma.
Entre os nove funcionários brasileiros da WSL estão o trio de apresentadores em língua portuguesa, um responsável pelas mídias sociais, um juíz, um técnico em TI, uma responsável pelo vídeo replay, outro pela análise das baterias para o site e, o mais graduado de todos, Renato Hickel, diretor geral da divisão de elite masculina.
O catarinense formado em engenharia de produção elétrica trabalhou em banco e no IBGE antes de começar a comandar o evento, há 28 anos.
Ele é responsável por toda a comunicação entre empresa e os atletas, por avisar oficialmente se o evento vai acontecer ou não, organizar quem compete contra quem e também comanda os juízes.
Renato mora há 19 anos na Austrália, onde fica um dos escritórios regionais da WSL. Para ele, os brasileiros formam o grupo com nacionalidade mais unida do circuito.
Ele diz que o time brasileiro nos bastidores cresceu junto com o sucesso dos atletas.
“O surfe virou um negócio com a mudança da ASP, que era uma empresa sem fins lucrativos, para a WSL. Temos brasileiros de ponta dentro e fora da água.” (KL)