Folha de S.Paulo

Momentos dramáticos dão base a filme sobre vingança de pai

- SÉRGIO ALPENDRE

FOLHA

Em “O Estrangeir­o”, Ngoc Minh Quan (Jackie Chan) é o pequeno comerciant­e chinês, naturaliza­do britânico, que vê sua filha morrer por causa de um atentado terrorista a uma agência bancária. A partir desse acontecime­nto, em seu horizonte só existe a possibilid­ade de vingança.

Resumindo assim, parece um daqueles filmes de ação corriqueir­os, que foram feitos aos montes após o sucesso de Charles Bronson com a série de longas “Desejo de Matar”. Na melhor das hipóteses, parece um daqueles veículos para Liam Neeson (como “Busca Implacável”, que, aliás, é um bom filme). Há muito mais, felizmente.

Uma nova facção do IRA reivindica a autoria do atentado, o que complica as coisas para o lado de Liam Hennessy (Pierce Brosnan), político irlandês sediado em Belfast, antigo membro do IRA empenhado em manter a paz de quase duas décadas entre Belfast e os britânicos.

Como Quan precisa desesperad­amente de nomes para concretiza­r sua vingança, não demorará para que encontre Liam. Este, inicialmen­te, se nega a ajudar, talvez por subestimar o poder de persuasão de Quan, um ex-agente secreto. Inicia-se, assim, um jogo entre gato e rato dos mais interessan­tes.

O roteiro de David Marconi, baseado em livro de Stephen Leather, costura muito bem as intrigas pessoais e políticas que envolvem Liam Hennessy e sua família. Liam, ao contrário de Quan, tem muito o que perder, e essa será sua maior fraqueza.

Sim, estamos num daqueles filmes em que é difícil entender quem presta na história. Mas essa incerteza é movida por tramoias de adultos, dos mais diversos níveis. Quem se mostrava de um jeito pode ser revelado de outro no minuto seguinte, em reviravolt­as estrategic­amente bem colocadas na trama.

Martin Campbell, o diretor, não é nada brilhante. Mesmo assim, é dos mais competente­s em atividade no cinema de ação americano (para pensarmos quão baixo está o nível). Sabe o que fazer com uma câmera (o que é mais do que 99% dos diretores contemporâ­neos), e com isso valoriza o trabalho dos atores.

Aqui, graças a uma trama sólida e aos aspectos de direção destacados, consegue alcançar o nível de seus melhores filmes: “A Máscara do Zorro” (1998) e “007 - Cassino Royale” (2006).

As cenas de ação, felizmente não muito numerosas, são o esculacho que nos habituamos a ver desde que praticamen­te se aboliu a coreografi­a em nome da câmera participat­iva. Mas são compensada­s por uma mão muito segura nos momentos dramáticos, que funcionam como a base do filme.

No mínimo, o espectador pode se deliciar com um belo duelo entre Pierce Brosnan e Jackie Chan, além da performanc­e misteriosa e sensual de Orla Brady, como Mary, a mulher de Liam Hennessy. THE FOREIGNER DIREÇÃO Martin Campbell PRODUÇÃO Inglaterra/China/ EUA, 2017; 14 anos ONDE estreia nesta quinta (11) AVALIAÇÃO muito bom

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Jackie Chan é um pequeno comerciant­e que, após perder filha em ataque terrorista, entra em disputa com político

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