Folha de S.Paulo

Misiones se destaca pela biodiversi­dade

Além de cachoeiras, região tem 540 espécies de pássaros típicas, mais de 50% do total registrado em toda a Argentina

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Província abriga as ruínas de San Ignacio Mini, construção em pedra feita por jesuítas em 1610

“A província de Misiones vai muito além das cataratas”, diz, sem esconder o orgulho, o guia José Luis Freiberger, que trabalha no hotel de selva Tacuapí. Ele também poderia dizer que a região não se restringe a Puerto Iguazú. Freiberger se refere especialme­nte à riqueza da natureza local, que eleva Misiones a uma das líderes da biodiversi­dade entre as 23 províncias da Argentina, embora ocupe apenas 1% do território do país.

Os moradores gostam de contar aos turistas que há 540 espécies de pássaros típicas da região, o que representa mais de 50% do total registrado na Argentina.

O hotel Tacuapí pertence ao município de Aristóbulo del Valle, na região central de Misiones, a cerca de 200 km ao sul de Puerto Iguazú. Essa é uma das áreas mais bem preservada­s do ecossistem­a conhecido pelos argentinos como Selva Paranaense, que abrange, além do próprio pa- ís, Brasil e Paraguai. O clima é subtropica­l, praticamen­te sem uma estação seca.

A principal atração de Aristóbulo del Valle é o Parque do Salto Encantado, que abriga dezenas de cachoeiras formadas ao longo do rio Cuñá Pirú. A maior delas mede 64 m de altura e pode ser visitada depois de breve caminhada a partir da entrada do parque.

Quase metade dos 13 mil hectares do local é ocupada por oito comunidade­s guarani. Não é comum, no entanto, que os visitantes tenham contato com os índios.

Mais fascinante­s que o Salto Encantado são as quedas d’água de Moconá, também localizada­s no trecho central de Misiones. Neste caso, a surpresa não está na altura da cachoeira (20 m) e sim na extensão, cerca de 2 km, resultado de uma falha geológica ao longo do rio Uruguai.

Assim como as cataratas do Iguaçu, os saltos de Moconá se dividem entre Brasil e Argentina. No Rio Grande do Sul, eles integram o município de Derrubadas; em Missiones, pertencem a San Pedro.

Em geral, as paisagens nessa região argentina preservam os nomes dados pelos guarani. Moconá quer dizer “o que tudo engole”. Mas nem sempre as quedas podem ser observadas. A viabilidad­e dos passeios de barco depende da vazão do rio — não deixe de consultar um guia ou a equipe do hotel. PASSADO GUARANI Para quem aprecia a natureza, mas não quer abrir mão de passeios históricos, Misiones tem como trunfo as Ruínas de San Ignacio Mini, que datam de 1610. São uma extensa construção em pedra, fruto do trabalho dos jesuítas e, especialme­nte, dos índios guarani. Lá funcionava­m hospital, colégio, igreja e até conservató­rio musical.

Existem na província outras ruínas que remetem ao passado guarani, mas nenhuma com a amplitude de San Ignacio, localizada a cerca de 300 km ao sul de Puerto Iguazú. (NAIEF HADDAD)

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Ian Trower/Divulgação Ruínas de San Ignacio Mini, um dos passeios históricos em Misiones
 ?? Pepe Mateos/Divulgação ?? Vista do lado argentino dos saltos de Moconá, que se dividem entre Misiones e o Estado do Rio Grande do Sul
Pepe Mateos/Divulgação Vista do lado argentino dos saltos de Moconá, que se dividem entre Misiones e o Estado do Rio Grande do Sul

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