Folha de S.Paulo

Cármen Lúcia e Dodge recebem chefe de corte que julgará Lula

Thompson Flores quer discutir segurança durante julgamento

- REYNALDO TUROLLO JR.

A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, receberá às 10h desta segunda-feira (15) o presidente do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), desembarga­dor Carlos Eduardo Thompson Flores, para conversar sobre questões de segurança durante o julgamento do recurso do ex-presidente Lula, marcado para o dia 24, em Porto Alegre.

Às 16h30, o magistrado vai se reunir com a procurador­ageral da República, Raquel Dodge, para abordar o mesmo assunto. As duas audiências foram agendadas a pedido de Thompson Flores, segundo as assessoria­s do STF e da Procurador­ia-Geral da República.

Na semana passada, Thompson Flores relatou a Cármen Lúcia sua apreensão com as ameaças que os magistrado­s do TRF-4 têm rece- bido, principalm­ente nas redes sociais. O tribunal é responsáve­l por julgar os recursos dos condenados pela Operação Lava Jato em Curitiba.

Na sexta (12), Flores afirmou a congressis­tas petistas que juízes estão recebendo ameaças e que alguns deles tiraram suas famílias do Estado. Ele citou o caso de uma pessoa do Mato Grosso do Sul que tem dito que vai atacar fisicament­e o prédio do TRF-4.

Conforme a agenda da presidente do Supremo, o encontro nesta segunda será para tratar de “assuntos institucio­nais”. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que também é presidido por ela, tem um departamen­to exclusivo para cuidar da segurança de juízes e desembarga­dores.

O presidente do TRF-4 já se reuniu com parlamenta­res petistas na sexta (12) para relatar que está preocupado com possíveis conflitos durante o julgamento de Lula.

Thompson Flores disse aos parlamenta­res que os juízes estão recebendo ameaças e que alguns deles tiraram suas famílias do Rio Grande do Sul. Ele citou o caso de uma pessoa de Mato Grosso do Sul que tem ameaçado atacar fisicament­e o prédio do TRF-4.

“Não há nos movimentos sociais qualquer disposição para conflitos, não há orientação nesse sentido”, disse o deputado Marco Maia (PTRS), que admitiu haver “radicalism­o” de todos os lados.

Por causa do clima de tensão, o TRF-4 decidiu alterar o horário de expediente e suspender os prazos processuai­s e as intimações nos dias 23 e 24 de janeiro, na véspera e no dia do julgamento.

Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro, em julho de 2017, a nove anos e meio de prisão e recorreu. O ex-presidente é acusado de receber R$ 3,7 milhões em propina da OAS, o que ele nega.

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Pedro Ladeira - 10.jan.2018/Folhapress A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, despacha em seu gabinete em Brasília

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