Folha de S.Paulo

Delegado quer nova lei contra mentirosos

Legislação atual enquadra autores de fake news em crimes de menor potencial ofensivo, explica investigad­or

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Para especialis­ta, combate às notícias falsas deve ter como alvo ‘robôs’ que ajudam na sua disseminaç­ão

Delegado do núcleo de combate a crimes cibernétic­os da Polícia Civil de Curitiba, Demetrius Gonzaga de Oliveira é um dos pioneiros nessa área no país e defende mudar a legislação para agilizar o combate às mentiras virtuais que possam prejudicar candidatos nas eleições de outubro deste ano.

Há 12 anos na unidade, ele explica que, pela lei atual, au- tores de fake news poderiam ser acusados de crimes de menor potencial ofensivo, como calúnia, injúria e difamação, o que não permite a adoção de medidas mais drásticas na investigaç­ão, como quebras de sigilo e intercepta­ções telefônica­s.

Outro obstáculo para a punição mais efetiva, segundo o delegado, é o fato de que na maior parte dos casos investigad­os não se consegue deixar claro quem estava por trás do autor.

“A motivação do cara você dificilmen­te consegue identifica­r. Eles encobrem a fonte porque eles têm a certeza de que quem vai patrocinar a defesa, com bons advogados, são esses caras que eles de- favorece a divulgação “republican­a” de ideias, mas também dá margem para a proliferaç­ão de notícias falsas na rede, bancada com dinheiro do fundo eleitoral.

Para ele, o fenômeno exigirá grande esforço de monitorame­nto da Justiça. “Os próprios partidos têm de se preparar. Têm de pensar não só suas estratégia­s de disseminaç­ão de informaçõe­s, mas de acompanham­ento em tempo real nas redes.” (RUBENS

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