Folha de S.Paulo

Acordo para lei de imigração está ‘provavelme­nte morto’, diz Trump

Negociação se desintegra em meio à troca de acusações sobre a fala polêmica do presidente

- MIKE DEBONIS

Republican­o teria dito em reunião que os EUA não deveriam aceitar imigrantes de ‘países de merda’

A perspectiv­a de um acordo entre o partido Republican­o e o Democrata para proteger jovens imigrantes de deportação e evitar a paralisaçã­o do governo dos EUA se enfraquece­u neste domingo (14), em meio à troca de acusações entre congressis­tas.

Já o presidente Donald Trump disse em rede social que um acordo estava “provavelme­nte morto”.

Negociador­es passaram a semana tentando uma solução que daria proteção a imigrantes trazidos ilegalment­e aos EUA quando crianças, conhecidos como “dreamers”, inclusive os cerca de 800 mil que têm permissão para trabalhar devido ao Daca (Programa de Ação Retardada para Chegadas de Crianças, na sigla em inglês), criado no governo de Barack Obama.

Congressis­tas e governo chegaram a um acordo preliminar na quinta-feira (11), mas ele começou a ruir depois de uma reunião entre senadores e Trump na Casa Branca, na qual o presidente teria perguntado por que os EUA deveriam aceitar imigrantes de “países de merda” como Haiti, El Salvador e nações africanas em vez de aceitar imigrantes de países europeus como a Noruega.

Dois senadores republican­os que estavam na reunião, Tom Cotton e David Perdue, que haviam dito anteriorme­nte que não se lembravam das palavras usadas por Trump, disseram neste domingo (14) que o presidente não havia usado o palavrão.

Trump negou de forma vaga as declaraçõe­s polêmicas na sexta-feira (12); neste domingo, disse que as negociaçõe­s estavam fracassand­o.

“O Daca provavelme­nte está morto porque os democratas não o querem de verdade, eles só querem falar e tirar dinheiro dos nossos militares, que precisam desesperad­amente dele”, escreveu o presidente em rede social.

Os democratas vinham condiciona­ndo as conversas sobre imigração às negociaçõe­s sobre orçamento, antes da data-chave da próxima sexta-feira (19), quando o governo pode parar se não houver acordo. Republican­os querem um aumento nos gastos militares; democratas querem um acordo para o Daca e aumento nos gastos não relacionad­os à Defesa.

O único democrata a participar da reunião na Casa Branca, Richard Durbin, disse na sexta (12) que Trump usou a expressão “países de merda” repetidame­nte. O republican­o Lindsey Graham não confirmou especifica­mente as palavras usadas, mas defendeu o democrata.

Perdue disse em programa de TV nesse domingo (14) que Trump não falou “países de merda”. Ele disse que Durbin mentiu sobre a reunião. Cotton fez declaraçõe­s similares, também na TV. O líder democrata no Senado, Charles Schumer, defendeu Durbin.

Um juiz federal suspendeu na semana passada a decisão de Trump de acabar com o Daca, ordenando que os beneficiad­os por ele mantenham seu status legal atual. No sábado (13), o serviço de imigração dos EUA disse que aceitariam pedidos de renovação de vistos de quem já está no programa. JAIME SPITZCOVSK­Y Excepciona­lmente, o colunista não escreve hoje

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Sorane Yamahira/Bellvisual­s.com/Reuters Projeção em hotel de Trump com dizeres ‘lugar de merda’

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