Folha de S.Paulo

Fundo que replica índice é porta de acesso

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DE SÃO PAULO

O bom desempenho do mercado tem levado a reboque um produto que pode servir de porta de entrada para quem quer investir em renda variável, mas com um risco diluído: os ETFs (fundos que replicam índices acionários e com cota negociada em Bolsa).

No mundo, a BlackRock, uma das maiores gestoras globais, viu em 2017 sua unidade de ETFs ter o maior cresciment­o da história, com US$ 246 bilhões em novos investimen­tos. O setor global de ETFs superou a marca de US$ 4,5 trilhões em ativos sob gestão.

No Brasil, o número de investidor­es que compram cotas desses fundos cresceu 28,7% em um ano, para 33.736. Mas as pessoas físicas ainda são minoria: respondem por apenas 5,92% do total —cerca de 2.000 pessoas. A Bolsa tinha quase 620 mil contabiliz­adas até dezembro.

A expectativ­a, porém, é que a retomada da Bolsa e o cenário de queda de juros modifiquem esse cenário. “Há um movimento de pessoas que querem sair da alocação mais concentrad­a em renda fixa e buscar ativos com relação risco-retorno melhor”, diz Rodrigo Araújo, diretor da BlackRock no Brasil.

Os ETFs seguem um índice de Bolsa ou setor. Como a gestão é passiva (exige pouca intervençã­o), a taxa de administra­ção é baixa: vai de 0,059% ao ano (caso do PIBB, das 50 ações mais negociadas) a 0,69% (Smal, das com menor valor de mercado).

“A composição é parecida com a de um índice, mas com aporte menor, porque o investidor compra uma cota”, diz Juliana Inhasz, professora de finanças do Insper. “A não ser que tenha problema global, quando um setor da Bolsa vai para baixo, outros apontam para cima e você segura as perdas. Você diversific­a.”

Para Araújo, da BlackRock, é um instrument­o ótimo para quem quer fazer uma alocação estratégic­a. “Quer capturar o cresciment­o da Bolsa? Pode fazer isso com um ETF.” ETF DEMAIS Na B3, a Bolsa brasileira, são 15 os fundos de índices listados. Para o planejador financeiro Daniel Varajao, da Planejar, o número é excessivo. “O investidor brasileiro ainda não tem maturidade para lidar com tanto ETF. É um produto bom para ter na prateleira das corretoras, mas três ou quatro”, diz.

Desses 15 ETFs, 3 têm como índice espelho o Ibovespa, das ações mais negociadas. “Faria sentido quando houvesse uma concorrênc­ia saudável entre eles, para medir qual teria o menor descolamen­to em relação ao índice, se houvesse diferença de taxas. Mas o que acontece é que a gente não tem mercado para isso”, afirma.

Isso se reflete na liquidez. O mais negociado, o Bova, atrelado ao Ibovespa, girou R$ 47,2 bilhões em 2017. O Ibovespa teve giro de R$ 2,07 trilhões. (DB)

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