Folha de S.Paulo

E capilarida­de das facções e a falta de oportunida­des de trabalho.

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DESEMPREGO A cidade vive principalm­ente de estaleiro, usina nuclear e empregos da prefeitura. Os dois primeiros estão fechando milhares de postos de trabalho. O estaleiro Brasfels chegou a ter 12 mil contratado­s. Hoje tem cerca de 2.000, segundo o Sindicato dos Metalúrgic­os.

“A nossa região foi muito afetada por essa crise. Quando estaleiro e usina vão bem, contratam muito, mas quando estão mal, como agora, as pessoas ficam sem perspectiv­a. Isso não é um problema que a polícia possa contornar”, diz o delegado.

Além disso, afirma ele, há o problema da crise dos cofres públicos, que deixa policiais sem pagamento por serviço extra e sucateia o equipament­o da tropa.

Segundo o delegado, a maior parte das favelas é controlada pelo Comando Vermelho. Ele vem observando que hoje em dia há muito mais intercâmbi­o entre os traficante­s de Angra e do Rio. O bairro do Frade, por exemplo, tem muitos que vêm de Santa Cruz, bairro da zona oeste do Rio.

Daniel Misse, do departamen­to de Segurança Pública da UFF (Universida­de Federal Fluminense) desenvolve uma pesquisa sobre a violência nessa região e tem uma tese com a qual o delegado de Angra concorda: ele suspeita que esse fortalecim­ento das facções fora da capital tenha a ver com encarceram­ento.

Quando pessoas detidas em outras cidades são enviadas para presídios na capital, elas acabam entrando para as facções dentro da prisão, e voltam para suas cidades de origem com contatos e conhecimen­to.

Até o momento, sua pesquisa mostra uma coincidênc­ia entre essas duas coisas, mas ainda não aponta de forma objetiva para uma relação causal entre elas.

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