Folha de S.Paulo

‹ Assessoria vê ato discricion­ário de delegado

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A Polícia Federal indiciou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e funcionári­os de sua campanha para a prefeitura paulistana em 2012 sob suspeita de caixa dois eleitoral.

A campanha era investigad­a pela Operação Cifra Oculta, um desdobrame­nto da Lava Jato que apura o pagamento, pela empreiteir­a UTC, de dívidas da chapa do petista referentes a serviços gráficos no valor de R$ 2,6 milhões.

Segundo três delatores da Lava Jato, o ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, o “Chico Gordo” ou “Chicão”, recebeu, por meio de gráficas ligadas a ele, R$ 2,6 milhões em propina da Petrobras para pagar dívidas da campanha de 2012 de Haddad.

O pedido para que o dinheiro fosse entregue à gráfica foi feita pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, hoje preso e condenado após ser acusado de envolvimen­to no petrolão. A delação do dono da empreiteir­a UTC, Ricardo Pessoa, serviu como ponto de partida para o inquérito.

Além do ex-prefeito, foram indiciados Souza, Vaccari, o coordenado­r de campanha Chico Macena e outras três pessoas que trabalhava­m para uma das gráficas investigad­as.

Em junho de 2017, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em São Paulo, São Caetano e Praia Grande.

Dias depois, Souza prestou um depoimento em que dis-

DE SÃO PAULO

A assessoria de Haddad afirmou que o indiciamen­to é “ato discricion­ário do delegado João Luiz de Moraes Rosa, que não implica em contraditó­rio”. “Não há o mínimo indício de qualquer participaç­ão de Haddad nos atos descritos por um colaborado­r sem credibilid­ade.”

O delegado, diz a nota, “desconside­rou o depoimento do dono da gráfica, que negou ter recebido re- cursos da UTC para quitar dívida de campanha”. “Também desconside­rou as provas que atestam a suspensão da única obra da UTC na cidade, o túnel da avenida Roberto Marinho, em fevereiro de 2013, data anterior ao suposto pagamento.”

A defesa de Vaccari disse que as dívidas da campanha de Haddad eram de responsabi­lidade do diretório municipal, sendo o tesoureiro responsáve­l pelas contas nacionais do PT. Macena afirmou que a decisão do delegado “não encontra fundamento nas diligência­s”.

A defesa de Souza diz que a gráfica efetivamen­te prestou serviços ao PT. se que recebeu recursos em caixa dois da UTC como pagamento de serviços prestados a candidatos do PT nas eleições de 2012. No entanto, negou que tais valores serviram para quitar dívida de campanha de Haddad.

Em setembro de 2016, a Folha mostrou que Souza foi alvo de ação na Justiça Eleitoral movida pelo PSDB para investigar a campanha presidenci­al da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, eleita em 2014 —o Tribunal Superior Eleitoral acabaria por negar o pedido de cassação.

A suspeita é de que a gráfica seja uma empresa de fachada —sem capacidade de produção de material para campanha— e emissora de notas frias. COORDENADO­R Haddad é o responsáve­l pela coordenaçã­o do programa de governo na eventual campanha do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto. Além dele, o economista Márcio Pochmann e o ex-deputado Renato Simões foram escalados para a elaboração do programa.

O ex-prefeito, derrotado em sua tentativa de reeleição ainda no primeiro turno pelo tucano João Doria em 2016, é um dos cotados como candidato do PT à Presidênci­a da República caso Lula seja impedido pela Justiça.

Na última pesquisa do Instituto Datafolha, realizado em novembro do ano passado, registrou 3% nos cenários em que foi testado. Seu nome também é considerad­o para a disputa do Senado.

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Pedro Ladeira - 9.out.2017/Folhapress O ex-prefeito Fernando Haddad (PT), indiciado pela PF

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