Folha de S.Paulo

Vacina da febre amarela acaba em clínicas de SP

Alta procura também tem causado filas até de madrugada na rede pública

- CLAUDIA COLLUCCI FERNANDA PEREIRA NEVES FERNANDO CYMBALUK

Unidades privadas podem aumentar preço da dose, que girava em torno de R$ 180, após reposição do estoque

A alta procura pela vacina contra a febre amarela fez esgotar os estoques em várias clínicas privadas de São Paulo desde a última sexta (12).

A Folha ligou para sete estabeleci­mentos (Hospital Albert Einstein, Delboni, Lavoisier, Ciname, Pró-Imune, Vacinar e Clinivac) e todos confirmam por meio das atendentes ou por mensagens eletrônica­s o desabastec­imento.

A maior parte das vacinas nas clínicas privadas vem do laboratóri­o Sanofi Pasteur, que também enfrenta problemas com o aumento da demanda. Em nota, o laboratóri­o diz que, “para o processo de importação, devem-se cumprir diversas regras sanitárias que exigem tempo”.

O Sanofi Pasteur não informa quando as clínicas poderão retomar a vacinação, mas diz que trabalha para que seja o mais rápido possível.

A dose custava em torno de R$ 180, mas o preço poderá aumentar após a reposição, dependendo do custo do fornecedor, dizem as clínicas. MINAS E RIO Na rede particular de Minas, a reportagem encontrou a vacina em unidades da clínica Hermes Pardini. A central de atendiment­o, porém, informa que há poucas doses e que quem quiser se vacinar deve entrar em contato antes de ir a uma unidade para verificar a disponibil­idade.

No Rio, a Vaccini diz que a maioria de suas clínicas ainda está abastecida. Mas diz que a procura pela imunização aumentou muito na última semana e tem dificuldad­es na reposição do estoque.

Segundo o grupo Dasa, que possui laboratóri­os em diversos Estados, a falta de doses se estende a todas as unidades. “A situação deve se normalizar em breve, mas não é possível dar um prazo”, diz. REDE PÚBLICA Na rede pública, a busca pela vacina tem formado filas até de madrugada em São Paulo.

Na UBS Jardim Boa Vista, região do Butantã (zona oeste), o chef de cozinha Francisco Jonas, 45, chegou por volta das 3h30 desta segunda, com a mulher e o filho de 12 anos, para garantir a dose.

Antes mesmo da abertura da unidade, às 7h, a fila contornava o quarteirão, com mais de 200 pessoas. A Secretaria Municipal da Saúde afirmou que não há falta de vacina na rede pública ou necessidad­e de comparecim­ento antes da abertura dos postos.

No Emílio Ribas, porém, a espera chega a dois meses. Na tarde desta segunda, a página de agendament­o no site do hospital só tinha horário para 21 de março. Antes, era possível agendar para o dia seguinte, segundo o hospital.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, 40 pessoas contraíram febre amarela no Estado desde janeiro de 2017, sendo que 21 delas morreram.

O Ministério da Saúde vai enviar 1 milhão de doses para abastecer os postos paulistas até o início da campanha, entre 3 e 24 de fevereiro.

A Secretaria de Saúde da Bahia confirmou que um morador de Taboão da Serra (Grande SP) morreu em um hospital em Salvador devido à doença neste domingo (14). A prefeitura de Taboão diz que investiga o caso e acredita que o homem não tenha sido contaminad­o em Itaberaba (BA), onde esteve antes de ser levado ao hospital na capital.

Quais são os sintomas da febre amarela?

Febre súbita, calafrios, forte dor de cabeça, dores no corpo, fraqueza e vômitos. A maioria das pessoas melhora depois, mas cerca de 15% desenvolve­m a forma grave da doença. Nesses casos, pode haver icterícia, que deixa pele e olhos amarelados (daí o nome da doença), hemorragia e insuficiên­cia de órgãos

Qual é a taxa de letalidade?

De 20% a 50% da pessoas que desenvolve­m a forma grave da doença morrem

Como é o tratamento?

Não há tratamento específico, apenas para os sintomas. Analgésico­s e antitérmic­os podem aliviar febre e dor. O ministério recomenda evitar aspirina e derivados, pois podem favorecer reações hemorrágic­as

 ?? Rivaldo Gomes/Folhapress ?? Pessoas formam fila para vacinação em unidade básica de saúde de Osasco (Grande SP), que não é considerad­a área de risco
Rivaldo Gomes/Folhapress Pessoas formam fila para vacinação em unidade básica de saúde de Osasco (Grande SP), que não é considerad­a área de risco

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil