Vacina da febre amarela acaba em clínicas de SP
Alta procura também tem causado filas até de madrugada na rede pública
Unidades privadas podem aumentar preço da dose, que girava em torno de R$ 180, após reposição do estoque
A alta procura pela vacina contra a febre amarela fez esgotar os estoques em várias clínicas privadas de São Paulo desde a última sexta (12).
A Folha ligou para sete estabelecimentos (Hospital Albert Einstein, Delboni, Lavoisier, Ciname, Pró-Imune, Vacinar e Clinivac) e todos confirmam por meio das atendentes ou por mensagens eletrônicas o desabastecimento.
A maior parte das vacinas nas clínicas privadas vem do laboratório Sanofi Pasteur, que também enfrenta problemas com o aumento da demanda. Em nota, o laboratório diz que, “para o processo de importação, devem-se cumprir diversas regras sanitárias que exigem tempo”.
O Sanofi Pasteur não informa quando as clínicas poderão retomar a vacinação, mas diz que trabalha para que seja o mais rápido possível.
A dose custava em torno de R$ 180, mas o preço poderá aumentar após a reposição, dependendo do custo do fornecedor, dizem as clínicas. MINAS E RIO Na rede particular de Minas, a reportagem encontrou a vacina em unidades da clínica Hermes Pardini. A central de atendimento, porém, informa que há poucas doses e que quem quiser se vacinar deve entrar em contato antes de ir a uma unidade para verificar a disponibilidade.
No Rio, a Vaccini diz que a maioria de suas clínicas ainda está abastecida. Mas diz que a procura pela imunização aumentou muito na última semana e tem dificuldades na reposição do estoque.
Segundo o grupo Dasa, que possui laboratórios em diversos Estados, a falta de doses se estende a todas as unidades. “A situação deve se normalizar em breve, mas não é possível dar um prazo”, diz. REDE PÚBLICA Na rede pública, a busca pela vacina tem formado filas até de madrugada em São Paulo.
Na UBS Jardim Boa Vista, região do Butantã (zona oeste), o chef de cozinha Francisco Jonas, 45, chegou por volta das 3h30 desta segunda, com a mulher e o filho de 12 anos, para garantir a dose.
Antes mesmo da abertura da unidade, às 7h, a fila contornava o quarteirão, com mais de 200 pessoas. A Secretaria Municipal da Saúde afirmou que não há falta de vacina na rede pública ou necessidade de comparecimento antes da abertura dos postos.
No Emílio Ribas, porém, a espera chega a dois meses. Na tarde desta segunda, a página de agendamento no site do hospital só tinha horário para 21 de março. Antes, era possível agendar para o dia seguinte, segundo o hospital.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, 40 pessoas contraíram febre amarela no Estado desde janeiro de 2017, sendo que 21 delas morreram.
O Ministério da Saúde vai enviar 1 milhão de doses para abastecer os postos paulistas até o início da campanha, entre 3 e 24 de fevereiro.
A Secretaria de Saúde da Bahia confirmou que um morador de Taboão da Serra (Grande SP) morreu em um hospital em Salvador devido à doença neste domingo (14). A prefeitura de Taboão diz que investiga o caso e acredita que o homem não tenha sido contaminado em Itaberaba (BA), onde esteve antes de ser levado ao hospital na capital.
Quais são os sintomas da febre amarela?
Febre súbita, calafrios, forte dor de cabeça, dores no corpo, fraqueza e vômitos. A maioria das pessoas melhora depois, mas cerca de 15% desenvolvem a forma grave da doença. Nesses casos, pode haver icterícia, que deixa pele e olhos amarelados (daí o nome da doença), hemorragia e insuficiência de órgãos
Qual é a taxa de letalidade?
De 20% a 50% da pessoas que desenvolvem a forma grave da doença morrem
Como é o tratamento?
Não há tratamento específico, apenas para os sintomas. Analgésicos e antitérmicos podem aliviar febre e dor. O ministério recomenda evitar aspirina e derivados, pois podem favorecer reações hemorrágicas