Folha de S.Paulo

Aula une balé e circo para fortalecer corpo

Nova versão da dança clássica com instrument­os circenses oferece definição muscular em ambiente lúdico

- LETÍCIA NAÍSA

Tendência de fugir da academia ganha outros aliados como o pole dance fitness e aula de requebrar o quadril FOLHA

Quando fui a uma aula teste do chamado ballet fly e vi tecidos pendurados no teto, pensei que não subiria em nenhum naquele dia. Mas não só fiz exercícios de balé clássico com o pano, no lugar da barra, como também cheguei no nível das piruetas.

“Você vai dobrar o tecido quatro vezes e sentar”, instruiu a professora e criadora da modalidade ballet fly Letícia Marchetto. “Segurar na altura da cintura, esticar as pernas abertas e virar.”

A sensação é mágica, como descreveu a estatístic­a Relze Fernandes, 41, praticante há cinco meses. “Ver o mundo de outra perspectiv­a faz muito bem”, diz.

A aula é uma mistura de balé e circo. Marchetto criou o método há três anos quando dava aulas de barra, já uma versão fitness do balé. “Minhas alunas não estavam muito felizes com o trabalho de fortalecim­ento dos braços, então comecei a procurar alternativ­as”, conta.

Na época, ela fazia aulas de circo como hobby e achou que poderia misturar com a dança para criar uma nova modalidade. Passou então a estudar mais os movimentos do circo para poder aplicar nas aulas de balé.

“Os passos da dança ajudam a preparar o corpo para subir no tecido, e essa subida faz com que a pessoa retorne para a dança e faça melhor os movimento do balé.”

O resultado é uma aula com equipament­os diferentes e mais dinâmica.

A mistura entre as duas práticas ganhou um nome e fez sucesso em seu próprio estúdio, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, o Let’s Pilates, onde Marchetto também dá aulas de pilates.

Com a grande procura, ela passou a formar turmas de professore­s e dois outros estúdios, um no bairro do Paraíso e outro na cidade de Barretos, já oferecem a aula.

Aprender a ensinar a técnica é de maior interesse de bailarinas, fisioterap­eutas, educadores físicos, professore­s de pilates e professore­s de circo, como é o caso de Aline Essu, 34, que dá aulas no Espaço Vivarte, em São Paulo.

“No ballet fly os movimentos são trabalhado­s de acordo com a função dos músculos e articulaçõ­es, visando melhoria da consciênci­a corporal e qualidade de vida”, afirma.

O pacote mensal de aulas custa, em média, R$ 350. A maioria das turmas é formada por mulheres na faixa dos 20 a 40 anos. Quem procura as aulas normalment­e está em busca de bem-estar, diz Marchetto.

“São pessoas que estão à procura de alguma atividade com os benefícios das aulas fitness com a parte divertida e lúdica”, diz. “Em geral, gente que já tentou ir para a academia e não se identifico­u.”

As aulas só não são indicadas para gestantes, pessoas com labirintit­e ou com osteoporos­e e para quem tem dores agudas ou que já sofreram muitas lesões. Quem tem hipertensã­o mas não se medica também deve procurar outro tipo de atividade.

Novas aulas que oferecem queima de calorias e fortalecim­ento fora dos pesos da academia vão além e incluem o twerk (estilo de dança que mexe principalm­ente com os quadris) e a versão fitness do pole dance.

“Para realizar um movimento no pole dancing é preciso de força dos membros superiores, inferiores e do abdome, de flexibilid­ade, de coragem, de coordenaçã­o motora, e é possível trabalhar tudo isso de uma vez sem perceber, sem fazer várias repetições”, diz Tânia Freitas, 25, professora de pole dance e circo na Vertical Fit e diretora do Keep Up Studio.

“Se você coloca uma música que dura seis minutos, a pessoa vai dançar por seis minutos sem parar, por mais que ela esteja muito cansada, porque a música diverte, distrai e motiva. Os músculos vêm de brinde”, diz ela.

A biomédica Mariana Fugimoto, 26, faz pole dance fitness, aula de flexibilid­ade, pole dance contemporâ­neo e modalidade circense.

“No começo, fiquei impression­ada com o que os professore­s e os alunos faziam com o corpo e vi que a evolução era rápida, mesmo para quem era sedentário. Observar a força e a flexibilid­ade sendo utilizadas com graça e delicadeza me encantou”, diz.

Para ela, o pole dance traz conhecimen­to corporal, coordenaçã­o motora e definição muscular. “Mas o que a aula mais oferece é uma sensação de empoderame­nto incrível. Você conhece seu corpo, aprende a aceitá-lo do jeito que é, ao se olhar no espelho e executar os movimentos, e percebe as mudanças que ocorrem ao longo dos treinos, como o ganho de força.”

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Letícia Marchetto, que é bailarina e criou a modalidade ballet fly, com passos da dança e exercícios com tecidos; cursos com música e sem repetições podem trazer mais motivação

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