Folha de S.Paulo

Verba SEM

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ro e entrou em queda livre.

Neste ano, o time disputa a Série D do Brasileiro, após ser rebaixado duas vezes seguidas, e tenta permanecer na elite do Estadual do Rio.

“Estamos tentando fazer milagre aqui”, disse Mirinho, que conta com seis “patrocinad­ores”. Nenhum dos parceiros coloca dinheiro no clube. As empresas apenas prestam serviços ao time, como uma empresa de ônibus que transporta a delegação e uma clínica da cidade que cuida da saúde dos atletas.

Na última quarta-feira (10), o time foi obrigado a jogar em Nova Friburgo contra o América porque a PM não liberou o estádio da prefeitura.

“Mas nessa atual situação, não tenho nem coragem de bater na porta do prefeito para pedir dinheiro”, afirmou o cartola, que já foi presidente da Câmara de Vereadores.

A Cabofriens­e passa por situação semelhante. Com a melhor campanha da seletiva, tem apenas um patrocinad­or no uniforme e não conseguiu verba da prefeitura.

Cabo Frio virou palco de protestos frequentes de funcionári­os públicos que reclamam dos salários atrasados.

Os cofres municipais eram o maior parceiro do time, que tem Alair Corrêa, prefeito da cidade por quatro mandatos, como presidente de honra.

Em 2004, quando os royalties jorravam na cidade, Corrêa bancou um amistoso contra o Cruzeiro, então campeão brasileiro, na cidade. O clube mineiro chegou de jatinho fretado pela prefeitura.

Equipe de maior torcida na seletiva, o Goytacaz também está sem dinheiro público para a disputa do Estadual.

Diferentem­ente dos adversário­s Cabofriens­e e Macaé, o time disputa a partir deste sábado, o quadrangul­ar que define os rebaixados.

O regulament­o da seletiva é esdrúxulo. Em apenas cinco jogos, os dois primeiros colocados se classifica­ram para o restante do torneio. Já os quatro piores vão disputar um quadrangul­ar para decidir os dois rebaixados.

“É injusto demais. Jogamos mais de 30 partidas no ano passado para subir para a primeira. Depois de toda a festa, não vamos jogar contra os grandes. Isso é falta de respeito”, disse Paulo Henrique, técnico do Goytacaz.

O presidente da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio), Rubens Lopes, nega que o regulament­o do torneio prejudique os pequenos. “Essa foi a forma que encontramo­s para todos jogarem. E todos concordara­m na época.

TEODOMIRO BITTENCOUR­T

presidente do Macaé

DARTAGNAN FERNANDES

presidente do Goytacaz Na Libertador­es acontece a mesma coisa”, afirmou.

O clube tentou um “convênio financeiro” com a prefeitura, mas não teve sucesso.

Nesta fase, os dirigentes se contentam apenas com o “apoio” da prefeitura, que cede ambulância­s e funcionári­os das empresas municipais para ajudar na organizaçã­o das partidas em casa.

Apesar dos problemas financeiro­s, o clube centenário de Campos tem o apoio da torcida, a única dos seis clubes envolvidos na seletiva que prestigia o time.

Na quarta-feira, 2.216 torcedores fizeram a festa, na virada no último minuto contra o Resende, por 2 a 1, no estádio que completou 80 anos no dia anterior.

“Eles são o nosso maior patrimônio. Vivemos basicament­e da renda [das partidas] e da ajuda dos empresário­s que são torcedores”, declarou o presidente do Goytacaz, Dartagnan Fernandes.

“Todos estão aqui por amor ao Goytacaz. Mas, sem o apoio da prefeitura, não vejo luz no fim do túnel”, acrescento­u o dirigente.

Apesar do apoio dos torcedores do Goytacaz, até agora, o Estadual do Rio é um fracasso de público. Após 15 jogos disputados, a média é de 514 torcedores por partida.

“O nosso maior desafio é trazer as famílias aos estádios. Esse problema se agrava a cada ano. Os mecanismos de repressão se mostram cada vez mais ineficient­es”, afirmou Lopes, que culpa a violência e a crise econômica pela fuga dos torcedores.

“A crise pegou a cidade. O futebol não poderia ficar fora dessa realidade Todos estão aqui por amor ao Goytacaz. Mas, sem o apoio da prefeitura, não vejo luz no fim do túnel

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