Organizada em ordem cronológica, mas com concessões didáticas, a exposição
Em cartaz a partir desta quarta-feira (16), a exposição “Oito Décadas de Abstração Informal” levará ao Museu de Arte Moderna de São Paulo um recorte das manifestações brasileiras da arte abstrata.
O gênero tem por marcas a desconexão entre artista e realidade, em contraponto à tradição da figuração, e o emprego de cores, traços e superfícies em composições que ultrapassam a representação.
O MAM e a Fundação Roberto Marinho vão exibir seleções de períodos distintos. As obras da Fundação cobrem desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o final dos anos 1980. Já o museu fornecerá trabalhos do começo dos anos 1990 até 2010.
O curador Felipe Chaimovich vê um significado especial para o MAM, cuja exposição inaugural, “Do Figurativismo ao Abstracionismo”, em 1948, foi pioneira no debate sobre o gênero.
À época, o estilo se consolidava nos EUA e na Europa nos traços de nomes como Franz Marc (1880-1916) e Wassily Kandinsky (18661944), mas ainda era alvo da crítica especializada. EVOLUÇÃO TÉCNICA também revela a evolução técnica do abstracionismo.
Nos anos 1940, predominava o uso de materiais tradicionais, como tinta e telas, como nas obras de Vieira da Silva e de Maria Martins. Essas técnicas continuariam vigentes nos anos 1950, como nos quadros de Tomie Ohtake e Antônio Bandeira.
Já a partir dos anos 1970 passa a vigorar o experimentalismo, tal qual nas gravuras de Maria Bonami, nas obras de Dudi Maia Rosa, feitas de fibra de vidro, nas pinturas de Leda Catunda sobre couro e em uma videoinstalação de Thiago Rocha Pitta, que encerra a exposição.
A museografia cuidou para que a quantidade de quadros expostos fosse diminuindo conforme a evolução temporal, em uma alegoria, diz Chaimovich, das críticas e da repressão sofridas pela abstração informal, preterida em nome de modalidades como a arte geométrica.
Para Chaimovich, a ideia do predomínio de obras racionais voltou a ganhar força