Usuário do Facebook vai classificar fontes de notícias mais confiáveis
Jornalismo, porém, continua relegado a segundo plano na rede social
DO “NEW YORK TIMES”
O Facebook anunciou que vai deixar que os usuários classifiquem as fontes de notícias que eles consideram mais confiáveis.
A mudança deve favorecer empresas de mídia mais conhecidas e tidas por mais confiáveis. Não vai, porém, aumentar o total de notícias na rede social, pois uma alteração anunciada na semana passada relegou a segundo plano o jornalismo, ao privilegiar o material compartilhado por amigos e família no feed de notícias (página inicial do usuário).
“Existe muito sensacionalismo, desinformação e polarização no mundo de hoje”, escreveu o presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg, em um post nesta sexta-feira (19). “Nós decidimos que seria mais objetivo deixar que a comunidade determine quais fontes são amplamente confiáveis.”
O novo sistema de classificação começa a valer na segunda-feira (22) nos EUA, antes de se expandir para os usuários dos demais países.
A alteração é mais uma medida do Facebook para tentar debelar as críticas de que não faz o bastante para impedir a propagação de “fake news” na rede social, que conta com 2 bilhões de usuários.
Uma das questões é se os seus algoritmos não podem ter sido influenciados por conteúdo criado por operadores russos, favorecendo a eleição de Donald Trump em 2016. DÚVIDAS Para as publicações, a nova mudança já é motivo de questionamentos —uma delas é se a opinião dos usuários sobre a confiabilidade poderia ser manipulada.
“Trata-se de uma jogada positiva para começar a separar o joio do trigo em termos de reputação”, disse Jason Kint, presidente do Digital Content Next, grupo que representa organizações noticiosas como o “New York Times”. “Mas o diabo está nos detalhes, em como eles vão realmente executar isso.”
O executivo vai além: “Como podemos confiar no sistema de classificação? Ele pode ser hackeado ou manipulado? Há uma série de dúvidas neste momento”.
O novo sistema também pode favorecer publicações partidárias. Os usuários podem, por exemplo, escolher organizações que estão mais de acordo com os seus pensamentos, em lugar daquelas que têm um tom objetivo.
David Kaye, relator especial da ONU para liberdade de expressão, levanta outra dúvida: como o Facebook vai se comportar em países em que as pessoas vão escolher como confiável uma publicação que é proibida ou censurada?
No passado, ele alerta, o Facebook optou por se adaptar às regras locais.