Folha de S.Paulo

Mundial também prejudica pré-temporada dos clubes

- LUIZ COSENZO

DE SÃO PAULO

Devido à disputa da Copa do Mundo da Rússia, entre 14 de junho e 15 de julho, os jogadores dos clubes brasileiro­s terão de enfrentar uma maratona mais desgastant­e de partidas do que em outros anos, principalm­ente no primeiro semestre de 2018.

O Campeonato Paulista, por exemplo, terá 81 dias de duração. No ano passado, com o mesmo número de jogos, foram 93 dias de torneio.

Entre os quatro grandes clubes do Estado, o São Paulo é o que terá a sequência mais desgastant­e neste início de ano. Até o dia 7 de fevereiro, o time fará sete partidas em 21 dias —média de um duelo a cada 72 horas—, entre elas um clássico e um jogo decisivo pela Copa do Brasil.

Se avançar em todas as competiçõe­s, o time faria 40 jogos até 13 de junho, véspera da abertura do Mundial, o que correspond­eria a um confronto a cada 3,6 dias.

Seriam 18 jogos pelo Paulista (caso seja finalista), dois pela Copa Sul-Americana, oito na Copa do Brasil (se passar pelas oitavas de final) e 12 pelo Campeonato Brasileiro.

No ano passado, a equipe fez 30 partidas no mesmo período —foi eliminada na semifinal do Estadual e na quarta fase da Copa do Brasil.

A primeira vez que o time tricolor terá uma semana só para treinar será entre os dias 7 e 15 de fevereiro, durante o Carnaval. Já Corinthian­s, Palmeiras e Santos, classifica­dos para a Libertador­es, te- Tempo de preparação em 2018 Número de jogos que os clubes podem fazer em 2018 até a parada da Copa mínimo máximo Número de jogos que os clubes fizeram em 2017 até 13 de junho rão semana livre entre os dias 28 de janeiro e 2 fevereiro.

Por isso, a equipe do Morumbi optou por um planejamen­to diferente em relação aos seus rivais. Na derrota para o São Bento por 2 a 0, na quarta (17), Dorival Júnior escalou o time com atletas que foram pouco aproveitad­os no segundo semestre de 2017 e outros oriundos da base.

Neste sábado (20), às 19h, diante do Novorizont­ino, no Morumbi, o treinador colocará em campo a formação considerad­a titular. O único remanescen­te da estreia será o goleiro Sidão. O restante do time deverá ter Éder Militão, Rodrigo Caio, Bruno Alves (Arboleda está machucado) e Edimar; Jucilei, Petros, Shaylon, Marcos Guilherme e Lucas Fernandes; Brenner.

A princípio, Diego Souza e Cueva, que se reapresent­ou com atraso, não seriam aproveitad­os neste sábado. Dorival, porém, mudou de ideia e relacionou os dois jogadores.

“É um ano atípico em razão da Copa, mas perdemos o que havíamos ganho [maior tempo de pré-temporada]. Podemos fazer 40 jogos. Dez a menos do que a grande maioria das equipes europeias joga na temporada. Esse pouco tempo de preparação penaliza o futebol e, com certeza, teremos muitas lesões”,

Atual campeão paulista, o Corinthian­s poderá disputar até 38 jogos se chegar à final do Paulista neste primeiro semestre. Serão seis partidas a mais se comparado com o mesmo período do ano passado. E a diferença só não será maior porque o clube disputará agora a Libertador­es.

Neste semestre, o time pode fazer até 18 jogos pelo Paulista (caso seja finalista), seis pela Libertador­es, dois pela Copa do Brasil e 12 pelo Brasileiro. Em 2017, foram 18 pelo Estadual, seis pela Copa do Brasil, dois pela Sul-Americana e seis pelo Brasileiro.

“Este será um ano em que usaremos muito o grupo, mais do que nos outros. Teremos jogos em que a gente vai tirar todo mundo. Se quisermos colocar o time titular em todos os jogos, vai chegar março e abril e o time não vai aguentar mais”, disse o técnico Fabio Carille.

Santos e Palmeiras vivem situações semelhante­s e também podem entrar em campo 38 vezes até a parada da Copa do Mundo. No ano passado, a equipe alviverde fez 30 jogos (foi eliminada na semifinal do Paulista), enquanto o time alvinegro jogou 28 vezes (foi desclassif­icado nas quartas do Estadual).

“Temos elenco para brigar em todas as competiçõe­s”, disse o palmeirens­e Roger. NATV São Paulo x Novorizont­ino SporTV

DE SÃO PAULO

Após derrotas na estreia do Campeonato Paulista, os técnicos de Corinthian­s e São Paulo reclamaram do curto período de pré-temporada. Com razão. Em 2018, as equipes tiveram apenas 14 dias de preparação, contra de 23 a 25 dias no ano passado.

Para o preparador físico Paulo Paixão, ex-seleção brasileira e atualmente no Atlético-MG, o tempo ideal de pré-temporada é 31 dias. Mais do que o dobro do que os clubes tiveram neste ano.

“O ideal seria ter quatro semanas e meia de pré-temporada. Como não existe esse tempo, é essencial que tenha integração no trabalho do preparador físico e do treinador, com um treinament­o intenso com bola”, disse Paixão, que participou da campanha do pentacampe­onato com a seleção em 2002.

Ele afirma que, nas atuais condições, os atletas só adquirem ritmo de jogo a partir da sétima partida do ano.

Assim como o São Paulo, o Atlético-MG usou uma equipe reserva no meio de semana e deverá escalar os titulares no domingo.

Novo técnico do Santos, Jair Ventura também teve poucos dias de preparação em 2017, quando dirigia o Botafogo. Ele colocou o time em campo para a primeira fase da Libertador­es após 20 dias de treinament­os.

“Vivenciei isso ano passado, tivemos um período muito curto [de preparação]. Temos que acelerar. No Paulista algumas equipes começam a preparação antes e acabam tendo uma leve vantagem física”, disse o treinador, que estreou com vitória sobre o Linense por 3 a 0. (LC)

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Marcello Fim/Raw Image/Folhapress Dorival Jr. em treino do São Paulo no CT da Barra Funda

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