Folha de S.Paulo

Em “Guanabara”, o grupo teve como base a literatura quinhentis­ta, com relatos dos

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Para entender a violência do Rio de hoje seria preciso voltar atrás, lá no nascimento da cidade, em meados do século 16. “Guanabara Canibal”, espetáculo que estreia neste sábado (20) em São Paulo após uma temporada carioca, busca esse paralelo entre o que há de conturbado­r no passado e no presente do Rio.

Para tanto, resgata-se a batalha de Uruçumirim, em 1567, conflito liderado por Mem de Sá que expulsou franceses e exterminou tupinambás na baía de Guanabara.

“Acho que o Rio de Janeiro, hoje, vive essa influência de vingança e de disputas de território­s, como as brigas entre facções e a intervençã­o da Polícia Militar em favelas”, diz o dramaturgo Pedro Kosovski. “É difícil não pensar que há um espelhamen­to. É a violência que funda a cidade.”

“Guanabara” é a última parte da chamada Trilogia da Cidade da carioca Aquela Companhia, série de trabalhos que usam fatos históricos para se referir ao presente.

A pesquisa foi incitada pelas mudanças urbanas acarretada­s por preparatór­ios de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jo- gos Olímpicos de 2016.

“Cara de Cavalo” (2012), a primeira peça, trazia o surgimento do esquadrão da morte à época do golpe militar.

Já a premiada “Caranguejo Overdrive” (2015), vencedora do Shell de melhor texto, direção e atriz (Carolina Virgüez), voltava a 1868, quando se construiu o Canal do Mangue no centro do Rio.

“Propomos esse distanciam­ento [temporal], mas vemos hoje tantos pontos de contato gritantes”, comenta o diretor Marco André Nunes. REVISÃO HISTÓRICA cronistas franceses Jean de Lery e André Thevet e do padre José de Anchieta. Narrativas “tão chocantes, de elogio ao extermínio”, diz Nunes.

Mos os fatos, na peça, são contados sob outro ponto de vista, o do colonizado. Como numa espécie de vingança histórica, os tupinambás promovem um ritual de canibalism­o ruim regular com europeus. Estes, capturados, convivem com os indígenas até a sua execução.

Feito sob um chão de terra —que levanta poeira durante momentos de dança—, o espetáculo é dividido em três movimentos, todos eles embalados pela música ao vivo, algumas cenas coreografa­das e projeções. O primeiro é uma bom muito bom QUANDO sex., às 21h, sáb., às 18h e às 21h (exceto no dia 20/1, apenas às 21h), dom., às 18h; dia 25/1 (qui.), às 14h e às 18h; dias 12 e 13/2 (seg. e ter.), às 18h; até 18/2 ONDE Sesc 24 de Maio, r. 24 de Maio, 109, tel. (11) 3350-6300 QUANTO R$9aR$30 CLASSIFICA­ÇÃO 14 anos ótimo

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Lenise Pinheiro/Folhapress Carolina Virgüez (agachada) e Zaion Salomão durante apresentaç­ão de ‘Guanabara Canibal’ no CCBB do Rio de Janeiro

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