Folha de S.Paulo

Vice já chama Jerusalém de capital israelense

Ao lado de Netanyahu, Mike Pence diz que embaixada deve mudar para cidade em 2019

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O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, deu início nesta segunda (22) a sua viagem a Israel com um encontro com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Em sua primeira fala no país, o americano afirmou ser uma honra “estar na capital de Israel, Jerusalém”. Na sequência, Netanyahu agradeceu pela decisão do presidente Donald Trump de reconhecer a cidade como capital e afirmou que a aliança entre os dois países nunca esteve tão forte.

Pence anunciou que os EUA pretendem mudar sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém até o fim de 2019 —a transferên­cia de endereço é uma promessa de campanha de Trump.

Apoiada por Netanyahu, a guinada diplomátic­a a partir da qual a Casa Branca passou a identifica­r Jerusalém como capital de Israel irritou os palestinos, que também reivindica­m o município como sua capital.

Países de maioria muçulmana próximos aos EUA, como a Jordânia e a Arábia Saudita, criticaram a medida.

O anúncio, realizado em dezembro, fez com que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, cancelasse o encontro que teria com Pence durante a viagem.

O próprio giro de Pence pela região —desde sábado (20), ele já passou pelo Egito e pela Jordânia—, que estava marcado para o fim de 2017, foi adiado devido à repercussã­o da decisão americana acerca do status de Jerusalém. BOICOTE Além de Netanyahu, o vice-presidente americano se encontrou com soldados israelense­s e com diplomatas dos dois países. Mais tarde, discursou no Knesset, o Parlamento israelense.

O principal partido árabe da Casa anunciou que boicotaria o discurso. Líder do grupo, Ayman Odeh afirmou que a sigla não aceitaria fazer as vezes de cenário para o americano, a quem chamou de “racista perigoso”.

A fala de Odeh veio um dia depois de Nabil Abu Rdeneh, aliado de Abbas, afirmar que os Estados Unidos “não são mais um mediador aceitável” para dirigir as conversas em torno do conflito entre israelense­s e palestinos —a imparciali­dade americana na matéria vem sendo questionad­a desde dezembro.

Netanyahu respondeu chamando Pence de “grande amigo de Israel” e afirmando que “não há alternativ­a à liderança americana no processo de paz”. O premiê criticou ainda o possível boicote ao discurso do vice.

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Ariel Schalit/Reuters Mike Pence e Binyamin Netanyahu em Jerusalém, na 2ª (22)

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