Folha de S.Paulo

Clube anunciou novo acordo em dezembro

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que o fluxo de caixa atual do projeto será incapaz de honrar com os compromiss­os financeiro­s da Arena”.

“Tratam-se de e-mails discutindo a reestrutur­ação de operação de crédito realizada pela Odebrecht e pelo Corinthian­s relacionad­a à construção da Arena Itaquera”, descreve a equipe de investigaç­ão que fez a auditoria.

Em resposta, Jair Luis Mahl diz que a reestrutur­ação proposta configurav­a-se em uma derradeira oportunida­de para o banco, o clube e a Odebrecht cumprirem o contrato de financiame­nto, além de uma tentativa de evitar os riscos de processos judiciais de execução da dívida, tais como demora do Judiciário, insolvênci­a dos acionistas, recebiment­o de valores aquém do esperado, entre outros. GARANTIAS Nos e-mails, Jair Luis Mahl confirma que a estatal queria o valor arrecadado pelo clube com o programa Fiel Torcedor como garantia, como antecipado pela Folha em 19 de dezembro de 2017.

“É a primeira vez que conseguimo­s agregar garantia adicional na negociação”, menciona o diretor. Posteriorm­ente ao e-mail, o Conselho Deliberati­vo do clube rejeitou dar aval ao pedido.

Também é mencionada como garantia do empréstimo a alienação fiduciária do Parque São Jorge, sede do clube, além da hipoteca em segundo grau de imóvel, avaliada em R$ 207 milhões. Há ainda outros pontos, como cessão dos direitos de todos os contratos celebrados por terceiros –nesse caso, o item foi classifica­do como “somente tem valor caso a Arena se mantenha operaciona­l”.

Procurada, a Caixa Econômica Federal afirmou que não pode comentar informaçõe­s sobre o empréstimo feito para a construção da Arena Corinthian­s devido à lei que trata do sigilo das operações de instituiçõ­es financeira­s. Os executivos do banco Jair Mahl e Alexsandro Araújo também foram procurados, mas não respondera­m à Folha.

O Corinthian­s afirmou que “está cumprindo rigorosame­nte com todas as parcelas referentes à construção da Arena Corinthian­s e, por isso, não tem o que comentar sobre a troca de e-mails”.

DE SÃO PAULO

As negociaçõe­s entre Corinthian­s e Caixa Econômica Federal para renegociaç­ão do pagamento das parcelas do empréstimo de R$ 400 milhões para construção do Itaquerão se estenderam ao longo de 2017.

O clube anunciou em dezembro um novo acordo com o banco estatal, em que se compromete­u a pagar parcelas de R$ 5,6 milhões todos os meses até o ano de 2028.

No entanto, da parte da Caixa, as conversas ainda não estão finalizada­s, segundo apurou a Folha.

Diretor do Corinthian­s até o início deste mês, Emerson Piovezan afirma que o clube voltou a pagar um pouco mais da metade da prestação.

A diferença foi rolada para o final do financiame­nto, o que tornará as mensalidad­es do empréstimo mais caras com o passar do tempo.

“Estamos fazendo o pagamento daquilo que foi negociado”, afirma Piovezan, acrescenta­ndo que as garantias ainda são negociadas.

“Isso deverá ocorrer com a nova gestão [o clube realizará eleições para presidente em fevereiro], vamos sentar e conversar outra vez”, diz.

O Corinthian­s parou de quitar o valor integral das parcelas do empréstimo em março de 2016. O clube estava pagando apenas parte dos juros.

A diretoria diz ter voltado a pagar as parcelas do empréstimo dois meses antes da eleição para presidente do clube.

O pleito tem cinco candidatos. Andrés Sanchez representa a situação. Pela oposição, Felipe Ezabella, Paulo Garcia e Romeu Tuma Jr estão concorrend­o. Antonio Roque Citadini conseguiu liminar na Justiça e também voltou ao páreo.

O Corinthian­s contava com a liberação de R$ 350 milhões em incentivos fiscais ao Itaquerão no orçamento de 2018 da prefeitura de São Paulo para oferecer à Caixa como forma de abatimento da dívida, que está em cerca de R$ 1,2 bilhão, segundo a Folha apurou. No entanto, apenas R$ 45 milhões foram liberados.

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