Folha de S.Paulo

Tenista sul-coreano vira sensação do Aberto da Austrália

Algoz de Djokovic, Hyeon Chung começou a jogar tênis para melhorar a visão e chama atenção pelos óculos

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Avesso às redes sociais e dono de um visual que mais lembra o de um intelectua­l, o tenista sul-coreano Hyeon Chung, 21, se tornou a sensação do Aberto da Austrália.

Na segunda-feira (22), o 58º do mundo derrotou o sérvio Novak Djokovic, ex-líder do ranking e atual 14º, por 3 sets a 0, com parciais de 7/6, 7/5 e 7/6, e se colocou nas quartas de final do torneio. Já é o seu melhor resultado em um Grand Slam em oito participaç­ões —jamais havia passado da terceira rodada.

Chung é tido como grande promessa da modalidade pela ATP (Associação dos Tenistas Profission­ais).

No fim do ano passado, ele conquistou o título do Next Gen Finals, torneio anual de fim de temporada que reúne os oito melhores atletas sub-21 do ranking mundial.

Esta, aliás, é a sua única conquista como profission­al em torneios de primeiro nível —excluindo os challenger­s e futures, competiçõe­s de segundo e terceiro escalões.

Ele poderia já ter despontado em torneios maiores não fossem as lesões que sofreu ao longo da carreira. No ano passado, ficou fora de sete torneios, incluindo Wimbledon, devido a problemas físicos.

“Estou no circuito há três anos e sempre sofri muito com lesões. Cada ano eu parei por dois, três meses. Por isso, não evolui tanto no ranking. Neste ano quero apenas ficar livre dos problemas”, afirmou.

O sul-coreano pode agradecer aos seus pais por ter ido parar no tênis e fazer sucesso hoje em dia. Foram eles seus maiores incentivad­ores e responsáve­is por sua iniciação na modalidade, quando tinha seis anos de idade.

Chung tinha problemas de visão e, uma das recomendaç­ões do seu oftalmolog­ista, era que olhasse para a cor verde —em um tom bastante semelhante ao da bolinha usada no tênis— para melhorar sua percepção visual.

Chung seguiu o conselho e persistiu. Mas sem deixar de lado os óculos, objeto que tornou sua marca registrada.

“Eu tenho um alto nível de astigmatis­mo e por isso preciso usar os óculos a todo momento. Já são parte do meu corpo e não sinto nenhum incômodo para jogar com eles”, disse o tenista, carinhosam­ente chamado de “cientista” e “professor” pelos amigos.

“São apelidos que gosto”, disse Chung, que não tem contas no Twitter e no Facebook.

No Instagram é pouco ativo. Desde a criação de sua conta, em setembro de 2015, fez apenas 103 postagens. Tem 32,2 mil seguidores. Djokovic, em comparação, é seguido por 3,3 milhões de pessoas.

Ele mesmo disse ser pouco conhecido na Coreia do Sul e colocou o tênis como no máximo a quinta modalidade mais apreciada no país, onde o beisebol é a mais popular.

“Depois dessa vitória, talvez se torne um pouco mais popular na Coreia. É isso o que eu espero (risos)”, afirmou.

O desempenho até agora na Austrália fará com que Chung salte para a 44ª colocação do ranking mundial, igualando a sua melhor posição, obtida em setembro do ano passado.

Com mais uma vitória, irá para a 28ª colocação. AZARÃO PELA FRENTE Nas quartas de final, na madrugada de quarta-feira (24), Chung enfrentará outra zebra, Tennys Sandgren (97º).

O americano de 26 anos, que joga seu primeiro Aberto da Austrália e apenas o terceiro Grand Slam da carreira, eliminou nas oitavas de final o austríaco Dominic Thiem (5º) por 3 a 2, com parciais de 6/2, 4/6, 7/6, 6/7 e 6/3.

 ?? Bai Xuefei/Xinhua ?? Hyeon Chung rebate bola na vitória sobre Novak Djokovic COPA SÃO PAULO
Bai Xuefei/Xinhua Hyeon Chung rebate bola na vitória sobre Novak Djokovic COPA SÃO PAULO

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