Folha de S.Paulo

A expectativ­a do governo é vacinar 23,8 milhões de pessoas durante a campanha

- DHIEGO MAIA THIAGO AMÂNCIO DANILO VERPA DE SÃO PAULO

No primeiro dia da campanha emergencia­l de vacinação fracionada contra a febre amarela, as unidades básicas de saúde de São Paulo amanhecera­m com público desinforma­do em filas enormes.

Na zona sul, última região inserida no mapa das áreas com risco de contaminaç­ão após um macaco ter morrido por febre amarela no Zoológico de SP, a falta de senhas de vacinação, distribuíd­as pela prefeitura, foi a principal causa das aglomeraçõ­es.

Na UBS Vila Praia, distrito de Vila Sônia, guardas-civis precisaram controlar os ânimos das pessoas que, irritadas, se amontoavam numa fila que dobrava o quarteirão.

Na UBS Arariba, na Vila Andrade, a fila era grande por volta das 8h, quando abriu. Na UBS Maracá, no Capão Redondo, o mesmo problema.

Para evitar as longas filas que se formavam de madrugada, agentes de saúde distribuem desde terça (23) senhas de casa em casa, sem as quais não é possível se vacinar.

Shirley Franklin, 40, saiu da UBS do Cupecê, no Jabaquara, sem a vacina porque o posto está fora da área de sua casa, próximo ao zoológico. “Trabalho o dia todo fora, se passou algum agente de saúde, eu não sei”, diz.

Na capital, foram vacina- das nesta quinta 94 mil pessoas, das quais mais de 91 mil com doses fracionada­s (as demais foram casos específico­s não ligados à campanha). O foco são os moradores de 20 distritos prioritári­os. CAMPANHA —10,3 milhões em SP, 10 mi no RJ e o restante na Bahia.

Fracionar a vacina foi a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde para alcançar mais gente não imunizada.

O governo diz que tem estoque suficiente para toda a população, mas não informa o total disponívei­s por ser uma questão “estratégic­a”.

Neste ano, o ministério vai receber 48 milhões de doses do Instituto Bio-Manguinhos, ligado à Fiocruz, maior produtor mundial da vacina.

Nesta quinta, o ministro Ricardo Barros (PP-PR) anunciou uma parceria com o Libbs, laboratóri­o privado, para finalizar as doses de Bio-Manguinhos e, com isso, ampliar a capacidade anual de produção.

O laboratóri­o fará só a finalizaçã­o (envase, liofilizaç­ão e embalagem), e a expectativ­a do governo é de começar a receber essas doses até junho, após liberação da Anvisa. O ministério diz que isso não vai alterar o custo final para o governo: R$ 3,50.

A parceria não altera o estoque previsto para este ano, que ficará em 48 milhões.

O governo diz que encaminhou 57,4 milhões de doses da vacina aos Estados desde o ano passado, a maior parte para SP (18,3 milhões), RJ (12 mi) e MG (10,7 mi).

O ministério contabiliz­a 130 casos de febre amarela no país desde 1º de julho, com 53 mortes. O Estados, porém, contabiliz­am dados mais atualizado­s. Só SP e MG informam 60 mortes até agora.

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Danilo Verpa/Folhapress Fila para vacina da febre amarela na Vila Sônia, zona sul, área em alerta após morte de macaco; guardas-civis precisaram controlar os ânimos

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