Problema não é de caixa na Caixa
Os balanços da Caixa Econômica Federal (CEF) mostram sua carteira de crédito crescendo, e o índice de Basileia, que mede a capacidade de emprestar de um banco, em 15%, bem acima do mínimo exigido pela regulamentação.
Só necessitaria de uma capitalização caso fosse decidida uma aceleração forte na oferta de financiamentos. Entretanto, para que haja um crescimento sem sobressaltos, o que falta é uma política para os bancos oficiais e um modelo de negócios atualizado.
A CEF foi fundada como Caixa Econômica da Corte em janeiro de 1861, há exatos 157 anos, pelo imperador dom Pedro 2º, com a missão de atender as camadas mais pobres, incentivando a poupança e oferecendo empréstimos a taxas mais baixas que as outras instituições.
A Caixa mantém o foco original, gerenciando programas como o Bolsa Família, o FGTS e o Minha Casa Minha Vida, com um atendimento de qualidade, mas apresenta distorções que deveriam ser corrigidas. A causa básica é o uso político dos bancos oficiais. As idas e vindas nas diretrizes de suas gestões a tornam vulnerável aos humores de Brasília.
Ilustrando o ponto, a indicação de alguns vice-presidentes sem experiência bancária para sua direto- ria é um exemplo. Outro é o crescimento maior do crédito dos bancos oficiais em anos eleitorais —foi assim em 2010 e em 2014.
Acelerações bruscas na oferta de financiamentos no curto prazo fragilizam os balanços no médio prazo. É inequívoca a necessidade de diretrizes básicas para nortear a atuação dessas instituições.
Nossos bancos estatais são comparativamente melhores do que alguns de seus congêneres de outros países e apresentam um padrão de qualidade de serviços tão bom quanto os demais em alguns segmentos do mercado financeiro brasileiro. Entretanto apresentam distorções, tais como taxas exageradamente elevadas em algumas linhas de financiamentos.
A participação do governo por meio do sistema financeiro para corrigir certas distorções do sistema de mercado é meritória. Todavia, essa atuação precisa ser bem analisada, usar como canais todas as instituições, inclusive as privadas, e ser bem dimensionada.
Considerando que os bancos oficiais desempenham dois papéis — um de banco comercial e outro de banco de fomento—, deve-se tornar mais transparente sua atuação em cada uma das funções, com mais informações sobre beneficiários, cus- tos e impactos na economia.
Além da necessidade de blindar as instituições oficiais de pressões eleitorais, mudanças na tecnologia, na concorrência, na demografia, na cultura e na estrutura econômica impõem a necessidade da definição de uma política para o setor. Devese pensar estrategicamente em medidas como a abertura de capital da Caixa, e sua fusão com o Banco do Brasil deveria ser analisada.
A elaboração de uma política para o setor deve também avaliar a conveniência da manutenção de alguns privilégios concedidos aos bancos oficiais, como o gerenciamento de algumas linhas de financiamento, a administração de alguns programas de governo e o acesso a alguns fundos subsidiados. Deve-se analisar o custo-benefício dessas vantagens e da oportunidade de serem alocados também a bancos privados. Deve prevalecer o que for melhor para o país.
A Caixa necessita desenvolver um modelo de negócios rentável, estável e sólido, com uma contribuição social legitimada. Não precisa de capitalização nem de mudar a missão dada por dom Pedro 2º. ROBERTO LUIS TROSTER,
Não causou surpresa o resultado do julgamento de Lula no TRF-4, visto que o Judiciário brasileiro, em grande parte, sempre esteve alinhado aos interesses das elites e das classes dominantes. Tanto é que o povo o vê com desconfiança, como foi o caso desse julgamento. Lamentável.
ERIVAN SANTANA
Gostaria muito que o dia 24 de janeiro passasse a ser considerado o dia nacional do combate à corrupção no Brasil. Será que algum deputado tomaria essa iniciativa? Ou, então, algum movimento sério? Não precisa ser feriado, pois os que defendem o país são trabalhadores. Sugiro, ainda, que alguma entidade corra uma lista para recolher assinaturas nesse sentido, como fizeram com a Ficha Limpa.
JAIME PEREIRA DA SILVA
Quando Lula assumiu o primeiro mandato, ele aumentou o salário mínimo, acima da inflação, e criou o Bolsa Família, além de outros benefícios para os assalariados —que continuam a merecer sua grande preocupação. Não foi por outra razão que está acontecendo tudo isso. Concluo: suporte as pontas, companheiro. Estaremos sempre ao seu lado.
JOSÉ VIEIRA DE MENDONÇA SOBRINHO
Há muito tempo não lia nada tão lúcido e imparcial (“O malufismo de Lula”, de Roberto Dias, “Opinião”, 25/1). Concordo: não há nada mais nefasto do que a atitude de Lula e de seu partido de desrespeito ao Judiciário. Isso destrói o “cimento da sociedade”.
RICARDO MENDES
Lula foi mais uma vez injustiçado. Mais injustiçados ainda foram a democracia e o povo brasileiro, que quer votar nele. Este mantra tem que ser lembrado: eleições sem Lula são uma farsa.
PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS
Apesar de reconhecer no doutor Antônio Carlos de Almeida Castro inegáveis talento e cultura jurídica, além da competência profissional, pareceu-me tosca a comparação feita no texto. Aceito a recomendação do causídico para ler Pessoa, mas tomo a liberdade de recomendar a ele ler o talvez mais brilhante de seus colegas: Rui Barbosa.
ÉDEN A. SANTOS
Políticas públicas Políticos não gostam de investir na melhoria da educação básica. Um povo ignorante é manipulável e acredita em qualquer coisa (“Transformar realidades”, de Claudia Costin, “Opinião”, 26/1). O índice de analfabetismo no Brasil é muito grande e isso é interessante para a permanência quase eterna de muitos políticos.
CLAUDIR JOSÉ MANDELLI
Metrô no Rio Sobre a linha 4, o preço do km carioca é 5% inferior ao da linha 5 de SP e à média do custo de 28 metrôs, e a parcela privada de R$ 1,2 bilhão é mais que o dobro da obtida nas linhas 5 e 17 de SP (“Pezão insiste no erro”, de Marco Aurélio Canônico, “Opinião”, 25/1). A obra foi suspensa com base em relatório do TCE, e o próprio órgão reverteu essa decisão, citando o caráter preliminar do documento, a importância para a população e os prejuízos da paralisação. As razões do governo são coerentes: preservar investimento, gerar emprego e atender à população.
RODRIGO VIEIRA,
Assédio O texto “Meninas” (“Ilustrada”, 26/1), de Fernanda Torres, é excepcional. Está contextualizado com a história, estabelece uma hipótese racional, discute os argumentos e procura uma generalização para explicar os fatos sobre feminismo, suas posturas e atitudes contemporâneas. Bem melhor que o barulho das redes sociais, em que a profundidade do debate se resumiu a como Catherine Deneuve se desloca em Paris. É por essa razão, entre outras, que o jornalismo e os jornais de qualidade jamais desaparecerão.
MARCELO MOOCK,