Folha de S.Paulo

Candidatur­a de Lula é considerad­a remota pelo TSE

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DE BRASÍLIA

A candidatur­a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é considerad­a possibilid­ade remota por ministros dos tribunais superiores ouvidos pela Folha.

O cenário é negativo para o petista e as apostas são de que dificilmen­te o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) permitirá o registro de sua candidatur­a ou, em último caso, dará o diploma caso ele seja eleito.

Condenado em segunda instância nesta semana a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de di- nheiro, Lula teria que conseguir uma “superlimin­ar” para que o registro de candidatur­a fosse deferido pelo TSE.

A Lei da Ficha Limpa prevê que o réu condenado por um órgão colegiado não pode concorrer, mas garante ao candidato o recurso para suspender a inelegibil­idade. Já o artigo 15 da Constituiç­ão determina que a perda ou a cassação dos direitos políticos em caso de condenação criminal só pode se dar quando o processo for transitado em julgado —com condenação definitiva.

Assim, mesmo condenado, Lula pode conseguir uma li- minar para concorrer na eleição deste ano até que o indeferime­nto de sua candidatur­a transite em julgado.

No entanto, magistrado­s afirmam que dificilmen­te alguém concederá ao petista recurso que dê efeito suspensivo à condenação de inelegibil­idade. O maior problema de Lula, afirmam, não é um habeas corpus contra a prisão, mas sim, o indeferime­nto de sua candidatur­a.

Uma possibilid­ade para o petista seria pedir o registro e, caso negado, recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal). Em tese, ele poderia concor- rer e fazer campanha até 17 de setembro, data limite para o PT trocar de candidato.

Mas, nos bastidores do TSE, a avaliação é a de que, se o petista insistir em sair candidato, é possível fazer com que seu nome sequer vá para a urna eletrônica.

Uma jurisprudê­ncia da corte pode ser usada para impedir que um condenado em segunda instância concorra.

Isso evitaria que, caso eleito, o petista ficasse impedido de tomar posse e o tribunal tivesse que convocar novas eleições.

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