Em retaliação, Madri expulsa embaixador da Venezuela
Crise diplomática com a Espanha começou com sanções da União Europeia; Macron defende mais punições
O governo da Espanha declarou nesta sexta (26) “persona non grata” o embaixador da Venezuela, Mario Isea, em retaliação à expulsão de seu representante em Caracas, Jesús Silva Fernández, anunciada na quinta (25) pelo regime de Nicolás Maduro.
Na linguagem diplomática, a declaração espanhola significa que Isea será impedido de voltar ao país —ele está na Venezuela atendendo chamado para consultas.
O porta-voz do governo de Mariano Rajoy, Íñigo Méndez de Vigo, disse que a Espanha deseja ter relações de respeito, amizade e cooperação com Caracas, mas que as decisões adotadas por Maduro tornam difícil concretizar esse intento.
“O governo espanhol sempre disse que queria para os venezuelanos o mesmo que para os espanhóis: que possam viver em liberdade, democracia e prosperidade —e continuará a trabalhar para que assim seja”, afirmou.
A expulsão de Isea fecha o ciclo de deterioração das relações entre os dois países, iniciado na segunda (22) com as sanções da União Europeia a sete membros do regime. O bloco impediu que eles viajassem aos 28 países-membros e congelou seus ativos.
Desde o início das manifestações antichavistas, em abril passado, Madri defendia sanções do bloco aos chavistas. Horas após o anúncio, Maduro chamou Rajoy de racista, colonialista e de dirigir “o governo mais corrupto que já existiu na história da Espanha”.
Na terça (23), o chefe de governo espanhol disse que as sanções eram merecidas. Isso fez com que Maduro convocasse Isea a Caracas e, na sequência, expulsasse Silva.
Nesta sexta, a União Europeia condenou a expulsão e pediu para que a decisão seja revertida. Horas depois, foi a vez do presidente da França, Emmanuel Macron, defender as sanções a Caracas.
“Desejo que avancemos, considerando as decisões recentes e a deriva autoritária do governo venezuelano”, disse, em referência à decisão do chavismo de antecipar as eleições presidenciais e impedir que seus adversários concorram em coalizão.
O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, acusou Rajoy de dinamitar as negociações entre o regime e a oposição para “provocar violência”.
“Chama a atenção a vitimização hipócrita do governo espanhol, buscando a solidariedade alheia após liderar uma série de ataques e sanções contra a Venezuela.”
Em dezembro, Caracas já havia expulsado os embaixadores do Brasil e do Canadá. Rex Tillerson, viajará na quinta (1º) à América Latina para discutir a crise na Venezuela e a Cúpula das Américas de Lima, em abril. Ele visitará os presidentes Enrique Peña Nieto (México), Juan Manuel Santos (Colômbia), Mauricio Macri (Argentina) e Pedro Pablo Kuczynski (Peru). Santos e Macri já haviam recebido em agosto o vice-presidente dos EUA, Mike Pence.