Folha de S.Paulo

Doria fecha hotel de ação anticrack de Haddad

Gestão fala em ‘insalubrid­ade’ do local e afirma que demais hotéis estão sendo avaliados

- GUILHERME SETO THIAGO AMÂNCIO

A gestão João Doria (PSDB) fechou nesta sexta-feira (26) um dos sete hotéis que fazem parte do programa Braços Abertos, lançado pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) para o atendiment­o de dependente­s químicos.

O hotel Santa Maria, na alameda Barão de Limeira, no centro de São Paulo, foi fechado porque, de acordo com a prefeitura, não apresentav­a condições mínimas de habitação para os moradores.

Segundo a Prefeitura de São Paulo, dos 28 ocupantes do hotel, 14 foram encaminhad­os para Centros Temporário­s de Acolhida (CTAs) e repúblicas terapêutic­as; dois se mudaram por conta própria para outro hotel que faz parte do programa; uma pessoa foi enviada para um centro de idosos; uma se internou voluntaria­mente em um pronto-socorro da Barra Funda; outra decidiu voltar a morar com familiares; três recusaram atendiment­o; e outras seis não foram localizada­s pela prefeitura e estão sendo aguardadas no local.

“[Essas 28 pessoas] foram encaminhad­as para CTAs e para repúblicas. Foram disponibil­izadas vagas fixas. Não são vagas 16h [como em alguns serviços de saúde], são 24h, onde eles podem morar nos equipament­os”, disse o chefe de gabinete da Secretaria de Assistênci­a e Desenvolvi­mento Social, José Castro.

O local foi fechado pela Coordenado­ria de Vigilância em Saúde (Covisa). “Foi constatado que o atendiment­o nos hotéis, primeiro pela condição do próprio imóvel em que eles estavam inseridos, muito fragilizad­os, quase não tinha atendiment­o de saúde. E isso queremos garantir que não vai continuar acontecend­o nos CTAs e nas repúblicas”, disse Castro.

Cerca de 240 pessoas ainda moram em cinco hotéis no centro de São Paulo. Ao todo, somando duas unidades em Heliópolis e Brasilândi­a, são cerca de 320 contemplad­os.

Coordenado­r do programa Redenção, criado pela gestão Doria para combater o uso de crack, o psiquiatra Arthur Guerra disse que a ideia é substituir progressiv­amente esses hotéis por “outro tipo de pensionato”.

“Os hotéis estão sendo avaliados, especialme­nte em termos de vigilância sanitária, para saber o quão insalubre é essa posição hoje”, afirmou.

As diárias dos hotéis são pagas pela prefeitura. Para morar nos quartos, os usuários trabalham na varrição de praças da região. CRÍTICAS O fechamento gerou críticas dos movimentos sociais. “O programa Braços Abertos trabalhava com cuidado à liberdade e uma política de redução de danos. Esse hotel, como os outros, era como se fosse a residência das pessoas, com as portas abertas. As pessoas podiam entrar e sair quando quisessem, tinham chave do quarto”, diz Marcos Vinicius Maia, membro do movimento A Craco Resiste.

“O Doria disse que estava acabando com a cracolândi­a, mas está aumentando-a”, conclui Maia.

Procurado, o Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), que administra o hotel Santa Maria, afirmou que pediu repetidas vezes ao proprietár­io que cuidasse do local.

“Por definição contratual, a manutenção do prédio era responsabi­lidade do proprietár­io, solicitada repetidame­nte pelo Iabas. Devido à transferên­cia dos beneficiár­ios para os CTAs, a atuação do Iabas no hotel Santa Maria foi finalizada com o encerramen­to do contrato de locação”, afirmou, em nota.

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Rivaldo Gomes/Folhapress Guardas-civis em fechamento de hotel no centro de SP

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