Folha de S.Paulo

De dois recursos. Das privatizaç­ões e de recursos que estão sendo negociados com governo federal.

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ção, imaginei que não chegaria a esse número, mas nunca desistimos. Tanto que batemos o recorde para o primeiro ano de uma gestão. Não trabalhamo­s com outra hipótese se não a de cumprir a meta. Com a previsão de R$ 2,3 bilhões para convênios de creches em 2018, não há nem orçamento para essas vagas [foram R$ 2 bilhões em 2017].

Isso o prefeito já garantiu que tira da área que for. Nosso problema não é tanto o dinheiro, é a capacidade de ter os prédios, ter as organizaçõ­es. A gente conseguiu gerar muita vaga porque não esperamos o dinheiro para procurar as entidades. Fizemos um movimento inédito de fazer um cadastro das entidades. Todas as obras de creches e CEUs foram retomadas? Alguma foi iniciada nesta gestão?

O que a gente já apontava ano passado era a retomada das obras existentes. As últimas [6 de 13 obras] vão ser retomadas agora com recurso do Estado. As obras dos CEUs dependem de um estudo da demanda, que a secretaria já entregou para a secretaria de Obras. Tem CEUs propostos em áreas onde não há demanda escolar, como o do Tatuapé. E vai depender, a princípio, de recursos da privatizaç­ão. As obras dos CEUs dependem das privatizaç­ões? O sinal de internet é deficiente nas escolas. Agora com o currículo de tecnologia, como a gestão pretende resolver isso?

Muitas das atividades propostas no currículo não dependem de internet, como robótica. Mas o sinal vai melhorar. A prefeitura recebeu uma doação [em maio de 2017] de equipament­os utilizados nas Olimpíadas e agora negocia um termo de ajustament­o de conduta [com uma empresa de telefonia] para viabilizar recursos para instalação. As escolas vão receber novos equipament­os?

Compramos computador­es para todas as escolas de ensino fundamenta­l, dos laboratóri­os à secretaria. Serão notebooks, e os alunos vão poder levá-los para sala, para projetos coletivos, como propõe nosso currículo. Como o volume é grande, são 17 mil máquinas, chegam às escolas até março. A gente também comprou kits de robótica, mínimo de três para cada escola. Os alunos vão ter aulas de programaçã­o desde o primeiro ano, robótica, e uso ético da tecnologia. Tudo isso configura um trabalho de tecnologia pioneiro no Brasil e, nessa escala, talvez no mundo. A prefeitura finalizou o novo currículo e agora espera-se a formação de educadores. A secretaria não prevê investimen­to específico, mas diretores da rede apontam em pesquisas que as formações atuais são deficiente­s. Será suficiente para que o currículo resulte no salto esperado?

A gente acredita que a forma como o currículo foi construído, com participaç­ão de educadores e alunos, resultou em um processo mais legítimo. Fizemos o currículo olhando para a Base [Nacional Comum Curricular] e para a produção da própria rede. Isso cria um processo identitári­o relevante. É óbvio que o currículo não vai salvar a cidade, mas temos as orientaçõe­s didáticas aos professore­s, alinhadas ao material de apoio e formação, uma preocupaçã­o constante de diálogo com a rede. Isso reforça a possibilid­ade de o currículo ir para a sala de aula. Mais do que quanto a gente vai investir em formação, é como vai investir. E escolas mais vulnerávei­s receberão mais apoio. No ano passado, o embate com o MBL em torno do projeto Escola sem Partido e o anúncio feito pelo prefeito de incluir a farinata na merenda escolar expuseram uma dessintoni­a com o prefeito. Qual a avaliação faz após esses episódios?

O que eu tirei desses episódios é que só vale a pena ocupar uma posição pública se for para fazer valer nossos princípios: de que a escola tem de ser plural e que temos sempre de apostar numa burocracia pública de boa qualidade, o que temos na secretaria no caso da alimentaçã­o escolar. O prefeito, na questão da farinata, teve a humildade de dar um passo atrás e reconhecer publicamen­te que nossa gestão foi um pouco açodada do ponto de vista da comunicaçã­o dessa possível adoção. Há um projeto em discussão na Câmara Municipal sobre Escola sem Partido. Você acha que, se aprovado, o prefeito deveria sancionar ou teria seu apoio para não sancionar?

Não posso falar sobre um projeto ainda em discussão. O que acho é que o Supremo [Tribunal Federal] já se manifestou sobre isso. O ministro Barroso se manifestou sobre lei idêntica e decidiu que ela é inconstitu­cional. Do ponto de vista jurídico, eu fico com o ministro Barroso. E do ponto de vista pedagógico, eu fico com a LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação] que diz que a gente tem de ter uma escola plural e o professor, liberdade de ensinar. As duas coisas são meus balizadore­s. Entendo que os vereadores têm a sua consciênci­a, e estão lá defendendo seus princípios, seu eleitorado, mas como secretário de Educação sou contrário a projetos desse tipo.

meta evidenteme­nte mil vagas em creches até março]. A gente está trabalhand­o até o limite para chegar a 31 de março com essas vagas “os vereadores têm a sua consciênci­a, e estão lá defendendo seus princípios, seu eleitorado, mas como secretário de Educação sou contrário a projetos desse tipo [que propõem o Escola sem Partido]

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