Folha de S.Paulo

Apontou que esse suposto ganho não foi comprovado em nenhum momento.

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O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo considerou irregular a compra de 16 trens da Alstom pelo Metrô em 2007 com o uso de um contrato que tinha 15 anos.

O Metrô deveria ter feito uma nova licitação, e não encomendar os trens à multinacio­nal francesa com um contrato que já havia caducado, de acordo com o TCE.

A decisão diz que a Lei das Licitações estabelece que um contrato vale por cinco anos. Por esse entendimen­to, o Metrô usou um contrato que vencera em 1997 para fazer compras dez anos depois.

Os 16 trens custaram cerca de R$ 500 milhões em valores de 2007, o equivalent­e hoje a R$ 930 milhões. À época, o governador do Estado era José Serra (PSDB-SP).

Nenhum executivo do Metrô foi responsabi­lizado pelas irregulari­dades. Em 2015, o conselheir­o Renato Martins Costa, que havia julgado o contrato, condenara dois excutivos do Metrô: Sergio Avelleda, diretor de assuntos corporativ­os da companhia em 2007 e atual secretário de Transporte­s do prefeito João Dória (PSDB), e Conrado Gra- va de Souza, diretor de operações à época.

Ambos entraram com recursos e a corte decidiu extinguir a multa de mil Ufesp para cada um deles (o equivalent­e hoje a R$ 25,7 mil) por considerar que eles não agiram com dolo, ou seja, não houve intenção de prejudicar os cofres públicos.

A área técnica do tribunal avaliou que os preços pagos pelos trens estavam regulares. O Metrô alega que houve economia, mas a conselheir­a do TCE Cristiana de Castro Moraes, que atuou na revisão, A NOVELA Em 1992, o Metrô assinou um contrato com a Alstom para a compra de 22 trens, mas só a metade do lote foi fornecida. Quinze anos depois, julgando que esse contrato não havia caducado porque o total de trens não havia sido fornecido, o Metrô decidiu encomedar os 11 que faltavam e acrescento­u outros cinco —a Lei das Licitações permite aditivos de até 25%.

O Metrô diz que não fez uma nova licitação porque isso seria prejudicia­l para os interesses públicos: havia uma demanda urgente por novos trens para os anos seguintes, e uma concorrênc­ia empurraria a entrega para 2010.

Sem os trens da Alstom, de acordo com o Metrô, teria sido impossível inaugurar três estações: Sacomã, aberta em outubro de 2009, Tamanduate­í e Vila Prudente (ambas de março de 2010).

O TCE não aceitou nenhuma dessas alegações no julgamento do recurso, feito em 29 de novembro do ano passado e tornado público nesta quarta (24).

“O cenário macroeconô­mico e o ambiente específico do mercado no ano de 2007 eram completame­nte distintos daqueles verificado­s no ano de 1992, sendo imprópria a utilização do ‘saldo contratual atualizado’ no que se referia à aquisição dos trens já obsoletos”, escreve a conselheir­a.

A pesquisa de preços, ainda segundo ela, não foi feita “com consulta direta aos possíveis fornecedor­es”, mas por meio de pesquisa em sites.

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Tercio Teixeira - 3.out.2013/Folhapress De acordo com o Metrô, a estação Sacomã é uma das que não poderiam ter sido abertas sem a compra dos 16 novos trens

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