A 15 dias do desfile, ingressos para Carnaval do Rio encalham
Nas arquibancadas, estão disponíveis lugares em 9 dos 11 setores; crise e altos preços são apontados como vilões
Pelo andar da carruagem, a arquibancada da Marquês de Sapucaí pode ter vários espaços vazios nas noites dos desfiles de Carnaval. A duas semanas da festa, ainda há muitos ingressos à venda.
O coordenador de vendas da Liga Independente das Escolas de Samba, Heron Schneider, reconhece que a demanda está historicamente baixa. “Este será, com certeza, o ano mais difícil. Em 2017, a duas semanas, as vendas estavam pelo menos 20% mais avançadas”, diz ele.
Apenas as cadeiras, que são os ingressos mais baratos, a R$ 190, estão esgotadas.
Nas arquibancadas, estão disponíveis lugares em nove dos 11 setores. Os preços vão de R$ 220 a R$ 320. Apenas os mais baratos, de R$ 140 a R$ 220, foram vendidos.
Nas frisas, que são boxes descobertos com entrada privativa, ainda há cerca de 80 ingressos por dia disponíveis, de um total de 2.200 por dia.
Também há três camarotes disponíveis, cujos preços vão de R$ 42 mil a R$ 78 mil.
Schneider acha que são dois fatores os principais pelos ingressos micados: a data do Carnaval e a crise.
“O Carnaval caiu muito cedo neste ano. As pessoas só começam a pensar em Carnaval depois de Natal e Ano Novo, em janeiro. Elas precisam de mais tempo para se animar, para programar viagens”, palpita.
“Também não podemos ignorar a situação em que está o Rio Se a pessoa está sem dinheiro, no que ela vai gastar antes, farmácia, plano de saúde, ou Carnaval?”.
As escolas também têm dificuldade para vender fantasias para alas comerciais, — onde se paga para desfilar.
“As escolas de samba se voltaram para agradar um público que não é o delas e estão perdendo o povão. Hoje os ensaios são pagos, têm atrações que não têm nada a ver com samba, os ingressos para a Sapucaí são caros para a maior parte da população”, diz Rachel Valença, ex-vice presidente da Império Serrano.
“Tudo que diz respeito às escolas de samba se tornou caro e difícil .Ganhar, faturar, lucrar são as únicas preocupações”, completa Rachel.