Casa ítalo-brasileira firma bom catálogo fora do radar
Com sede em Veneza, Âyiné tem privilegiado não ficção de grandes nomes
Diretor editorial diz que crise econômica foi vantajosa, porque direitos de obras estavam disponíveis
edições em livrarias independentes, para não precisar entrar nas negociações draconianas com grandes redes. Mas a ideia não funcionou e foi preciso mudar o rumo.
“Surpreendentemente, foi mais difícil entrar em livraria de bairro do que em livraria comercial. De umas não recebemos resposta, outras disseram que não tínhamos o perfil. Só conseguimos bem em Belo Horizonte. As maiores acreditaram mais em nós”, diz Moura Fonseca.
A impressão, que antes era feita em Veneza, deixou de ser vantajosa por conta do câmbio —e as últimas tiragens já foram feitas no Brasil. Para viabilizar comercialmente a operação, a Âyiné imprime vários títulos de uma vez. Na próxima leva, por exemplo, serão rodadas 25 obras.
Começar as operações em meio à crise econômica brasileira, diz Moura Fonseca, teve suas vantagens. Quando saiu em busca de comprar direitos, as editoras brasileiras estavam mais tímidas no mercado internacional.
“Fui conversar na [editora francesa] Gallimard e eles disseram que não conseguiam vender nem o vencedor do Prêmio Goncourt para o Brasil. Foi bom, porque tínhamos muita coisa livre para comprar. Além disso, para o tipo de livro que publicamos nunca vai haver momento bom ou ruim. É como a poesia. A poesia está em crise? Ela está sempre em crise.”
Mas como botar uma editora de pé? Há algum investidor? Moura Fonseca diz que não; ele e seus sócios colocam dinheiro do bolso.
“Muita gente fala que o Calasso é financiado pela CIA e pela maçonaria. E ele diz que nunca se fala se temos investidores ou não, o importante é tê-los. No nosso caso não temos. Mas nos interessamos se alguém quiser”, ri.