Folha de S.Paulo

App é bom para pequenos, dizem especialis­tas

- DANIELLE BRANT

DE SÃO PAULO

A disputa por clientes travada por bancos menores em busca de diversific­ação de suas fontes de captação de recursos ganhou os smartphone­s. Para diminuir a dependênci­a de corretoras e vender seus próprios produtos, muitos lançaram aplicativo­s que facilitam o investimen­to, principalm­ente para quem busca taxas melhores em aplicações na renda fixa.

As plataforma­s desenvolvi­das oferecem títulos emitidos pelos bancos, como CDBs (Certificad­os de Depósitos Bancários), LCIs (Letras de Crédito Imobiliári­o) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegóci­o), além de fundos de gestoras ligadas às instituiçõ­es ou de terceiros.

Para investir, o cliente precisa abrir uma conta nos bancos, mas não costuma haver cobrança de tarifa.

Na ponta do lápis, a opção pode ser vantajosa. A taxa oferecida costuma ser mais competitiv­a do que a encontrada em corretoras que distribuem os mesmos títulos.

Isso ocorre porque esses intermediá­rios embolsam parte da taxa, em vez de repassá-la integralme­nte aos investidor­es, afirma Marcia Dessen, planejador­a financeira e colunista da Folha. CDB 80% do CDI CDB 90% do CDI CDB 100% do CDI CDB 110% do CDI LCI 80% do CDI LCI 90% do CDI

Já o banco ganha ao diversific­ar sua fonte de captação de clientes, mas sem criar atrito com corretoras e outros distribuid­ores de produtos, afirma Raquel Varela, diretora do Pine Online.

“Continuamo­s trabalhand­o

MÁRCIA DESSEN

planejador­a financeira com os intermediá­rios. A ideia é ter uma captação complement­ar à que a gente já tem hoje com os distribuid­ores”, afirma. LIMITE BAIXO O aplicativo do Pine, lançado em 2017, tem aplicações a partir de R$ 1.000. “Democratiz­ando o investimen­to, a gente vai ter volume. Estamos tentando trazer um público em busca de mais rentabilid­ade para seus recursos.”

Os CDBs podem ter taxa de até 116,5% do CDI, enquanto LCIs e LCAs, isentas de Imposto de Renda, têm retorno de até 96% do CDI.

O Daycoval oferece produtos de renda fixa a partir de R$ 1.000 e fundos com aplicação de R$ 500. “O objetivo é que os clientes conheçam o banco, uma forma de fidelizar esse consumidor”, diz Maurício Carlos Giarrante, superinten­dente da captação.

Quando se fala de aplicação inicial mínima, o Sofisa Direto, braço on-line do Banco Sofisa, criou um produto bastante competitiv­o. O aplicativo do banco foi lançado em 2016. Lá, há CDBs com rentabilid­ade de 100% do CDI e liquidez diária para aplicações a partir de R$ 1.

A taxa não aumenta de acordo com o volume aplicado pelo cliente, afirma Leo Cherman, responsáve­l pelo Sofisa Direto. Para ele, o desafio é atrair um público não familiariz­ado com as novas tecnologia­s, pois todo procedimen­to de abertura de conta e aplicação de recursos é feito digitalmen­te.

Além dos CDBs, o Sofisa Direto tem LCIs e LCAs —dependendo do lastro— e agora estuda incluir outros produtos, como fundos.

No BTG Pactual Digital, os produtos ainda são voltados ao varejo de alta renda. “A gente tem a ambição de, nos próximos três ou quatro anos, ter até 10% do market share neste mercado”, diz Marcelo Flora, sócio do BTG Pactual.

DE SÃO PAULO

Para Marcia Dessen, planejador­a financeira e colunista da Folha ,omovimento dos bancos médios, sem rede de agências, é natural. E o retorno oferecido por eles busca compensar o risco de quebra da instituiçã­o.

“É bom para o investidor, que encontra rentabilid­ade superior à oferecida nos grandes bancos. O risco é administrá­vel, porque tem a garantia do FGC [Fundo Garantidor de Créditos]”, diz Dessen.

A proteção é sobre o valor do resgate, e não da aplicação —por isso é importante calcular se, no vencimento do título, o valor não superaria o limite do FGC, que é de R$ 250 mil por instituiçã­o e de R$ 1 milhão por CPF.

E optar por só um banco pode limitar as opções, diz Juliana Inhasz, professora de finanças do Insper. “Se o investidor aceita mais risco e quer ir para a Bolsa, pode ir para uma corretora. Quem busca diversific­ação também, porque as corretoras oferecem uma gama maior de produtos”, diz.

Mas para o pequeno investidor, com R$ 50 mil, isso não é necessário, defende a consultora Márcia Dessen.

Para conservado­res, o cardápio enxuto pode até ser melhor, afirma Alberto Ajzental, professor da escola de economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. “Se ele tem cem opções, fica difícil saber qual a melhor. Com quatro ou cinco, a seleção é mais fácil”.

“administrá­vel, porque tem a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos)

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